A Biblioteca da Escola E. B. 2, 3 do Viso foi palco, na noite do passado dia 2, da apresentação do livro reflexões à boca de cena do professor João Ricardo Lopes. Tratou-se de mais um serão cultural, promovido pela Equipa da Biblioteca, que contou com a colaboração dos professores de Língua Portuguesa do 3º ciclo, da professora Elsa Campos e do professor Hugo Leite (responsável pelo projecto de ensino articulado de música Curso de Música Silva Monteiro).
Depois de uma breve apresentação do autor, feita pela Coordenadora da Biblioteca Escolar, José Maria Costa (nome bem conhecido no nosso Agrupamento, onde leccionou durante vários anos a disciplina Língua Portuguesa) partilhou com a assistência a sua leitura da obra: “Este é sem dúvida um bom livro de um bom escritor!”, “Um livro que é excepção numa época em que qualquer um se julga escritor e em que temos inúmeros exemplos de literatura medíocre”, disse.
José Maria Costa salientou o rigor da poesia de reflexões à boca de cena, partilhando com o auditório uma série de exemplos do que considerou ser a prova do prazer sentido aquando da sua leitura: “Há versos que surpreendem de tão originais. Isso aconteceu-me muito, por exemplo, com Cesário Verde. Até parece fácil, agora que os dizemos, mas o difícil foi pensá-los e escrevê-los. É como o ovo de Colombo!”, rematou.
Seguidamente, o auditório (onde pontificaram diversos convidados, entre os quais representantes dos parceiros do Agrupamento do Viso) assistiu a um momento de grande beleza e intensidade poética, com a leitura declamada de poemas da obra, acompanhada pelo saxofone do professor Hugo Leite, numa performance musical criada para o efeito.
O mote foi dado pela professora Ana Paula Alves, a quem coube um intróito explicativo e a leitura dos primeiros versos do poema «proscénio», leitura continuada pelas professora Emília Pinho, Elsa Campos, Salete Pereira, Elisa Ascensão, Rute Gonçalves e Dália Maio.
Presença muito notada na assistência foi a de vários alunos do 7º e 9º anos, que surpreenderam o autor (seu professor), ao emprestarem a sua voz e gestos à leitura de algumas das «reflexões» que compõem a obra.
O professor João Ricardo Lopes, por sua vez, não escondeu a emoção: “Esta é para mim uma noite verdadeiramente inesquecível! É a maior homenagem que se pode fazer a um poeta e a um professor que ensina poesia: pô-lo diante dos seus próprios alunos, lendo a sua própria poesia! Muito obrigado!”
Ladeado pelo editor (João Artur Pinto) e pela tradutora (Bernarda Esteves), o professor João Ricardo endereçou diversos agradecimentos e manifestou o seu orgulho por fazer parte de uma escola e de um agrupamento “tão dinâmicos e afectivos”: “Já vivi noites literárias muito especiais, mas esta superou todas as minhas expectativas. Quero, por isso, agradecer a todos quantos emprestarem o seu cunho especial para que houvesse esta apresentação do meu livro, aqui na Escola!”
Para Bernarda Esteves, a experiência da tradução revelou-se positiva e uma aprendizagem: “Foi duro! Foi muito duro fazer esta tradução, porque a poesia do João é difícil e muitas vezes me vi obrigada a reformular todo o trabalho, visto que não era aquilo que ele pensava!”
Entre outras confidências, a tradutora referiu a dificuldade do autor em fixar o corpus textual: “Como devem imaginar, é fantástico ter a obra toda traduzida e o João vir comunicar-me que afinal ia substituir dois poemas!”
A noite terminou com a tradicional sessão de autógrafos e com um beberete, confeccionado pelo Clube da Culinária, onde todos os presentes puderam confraternizar e trocar impressões sobre o serão.
“Para a Equipa da Biblioteca, a apresentação deste livro teve um duplo gosto: unir duas gerações de professores poetas: o José Maria, que há uns anos apresentou cá o seu livro, e o João, agora.", disse a professora Emília Pinho.
"Foi um sarau muito sentido, porque as palavras do João também o são! Foi um momento muito bonito, muito emotivo, e tocou-me o facto de tanto os alunos, como todos os professores de Língua Portuguesa do 3º ciclo terem participado na sua leitura. Sobre o livro, so posso dizer que reflexões à boca de cena é um livro magnífico, profundo e por vezes cínico no que tem de desconcertante!”, acrescentou.
