segunda-feira, 12 de abril de 2010

«O Meu Livro de Cabeceira»



“O meu livro de cabeceira” foi este período O Principezinho, uma obra de Antoine de Saint-Exupéry. Um livro com 95 páginas e que está dividido em XVII (27) capítulos. Foi escrito inicialmente em Francês e editado pela primeira vez em 1943, em Nova Iorque, traduzido depois para diversas Línguas do Mundo.

É sem dúvida uma das mais belas histórias que já li. Devo confessar que esta não é a primeira vez que o leio, já o tinha lido há cerca de quatro anos, mas sinceramente na altura não gostei muito, até porque existem partes do livro que não tinha entendido. Agora que o reli, achei-o espectacular. Trata-se de um conto que apesar das suas ilustrações infantis, não é só para crianças, pode e deve ser lido em qualquer idade. Na minha opinião, se o lermos mais de uma vez ao longo da nossa vida, teremos diferentes interpretações.

É um livro que fala da amizade da solidão, da tristeza, mas também de felicidade. Uma história imaginária, que nos põe de facto a magicar, e muito. O Principezinho fala de um menino que vive sozinho no seu pequeno planeta, junto com 3 vulcões, um dos quais já extinto. Um dia cai nele uma semente e desabrocha uma rosa, a qual o Principezinho tem de cuidar e acha que ela é única no Universo. É então que o Principezinho decide visitar outros Planetas, ao todo sete.

O primeiro planeta que visita é habitado por um Rei muito sensato, mas que vive sozinho. O segundo planeta é habitado por um Vaidoso que exige que o Principezinho o aplauda, pois não tem ninguém que o faça. Viaja, então para o terceiro planeta onde vive um Bêbado que bebe para esquecer que bebe. No quarto planeta, vive um Homem de Negócios que faz cálculos com as estrelas do Universo para saber quantas existem. O quinto planeta é habitado por um Acendedor, que passa os seus dias a acender e apagar o seu candeeiro, sem descanso, pois a sucessão dos dias e noites é cada vez maior. O sexto planeta é habitado por um senhor de idade que fabrica livros muito grossos, um Geógrafo. Este aconselha o Principezinho a visitar o Planeta Terra.

Então o Principezinho cai no planeta Terra. Quando chega encontra uma Serpente no deserto que após alguma conversa lhe diz: “E posso levar-te muito mais longe do que um navio. (...) – Quando toco em alguém, devolvo-o imediatamente à Terra onde saiu. Mas tu és puro e vieste de uma estrela….”

Depois encontra uma Flor e uma Montanha. E pensa: “Julgava-me muito importante por ter uma flor única no mundo, e afinal, tenho uma rosa vulgar. Com ela e com os meus três vulcões que mal me chegam ao joelho – um dos quais, se calhar, extinto para todo o sempre – sou, de facto, um rico príncipe.” Afinal, a sua flor menti-lhe, não era única no mundo, e a montanha era muito maior do que os seus vulcões. Depois encontra uma Raposa que a cativa tornando-se seu amigo.

Após algum tempo encontra um aviador que tenta reparar os danos causados no seu avião (nem mais nem menos que o autor do livro). O Principezinho pede-lhe: "Por favor, desenha-me uma ovelha." O aviador não demorou em desenhá-la, reconhecido por o Principezinho ter sido o único que entendeu os desenhos que fizera em criança (pois os adultos nunca o entenderam, quando desenhava jibóias fechadas e abertas, os adultos diziam que era um simples chapéu uma serpente a engolir um elefante e não um chapéu, como todos supunham). O Principezinho contou-lhe toda a sua viagem de planeta, em planeta e o que encontrou quando chegou à Terra. O Aviador tenta, que o seu pequeno amigo não se deixe levar pelas palavras da Serpente, mas o Principezinho insiste em acreditar nela e acaba por morrer. Mas sem antes dizer estas palavras ao seu amigo Aviador: “As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para os viajantes, as estrelas são guias. Para outros, não passam de luzinhas. Ainda para outros, os cientistas, são problemas. Para o meu homem de negócios, eram ouro. Mas todas essas estrelas estão caladas, Tu, tu vais ter estrelas como mais ninguém…. – À noite, vais-te pôr a olhar para o céu e, porque eu moro numa delas, porque eu me estou a rir numa delas, então, para ti, vai ser como se todas as estrelas rissem! Vais ser a única pessoa no mundo que tem estrela a rir!…”

O Aviador perdeu o seu pequeno amigo para sempre e fica sem saber se a sua rosa foi ou não devorada por uma ovelha… mas sabe que sempre que olhar para o céu as estrelas vão rir para ele, pois o Principezinho estará numa delas.

A parte de que mais gostei neste conto foi quando o Principezinho conheceu a Raposa! Para mim, esta é a parte mais linda, aquela que me entra na alma, pois faz-me sonhar e estar na realidade ao mesmo tempo, faz-me acreditar nos valores do amor e da amizade e consegue pôr-nos a chorar. Passo a resumi-la com alguns excertos.

O Principezinho pede à raposa que brinque com ele, mas esta diz-lhe que ele tem de a cativar, a Raposa explica-lhe que cativar quer dizer criar laços e explica laços por estas palavras:

“…Ora vê por enquanto tu não és para mim senão um rapazinho perfeitamente igual a cem mil outros rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto eu não sou nada para ti senão uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas se tu me cativares, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti…”, ou seja enquanto não conhecemos bem uma pessoa, ela é nada para nós, mas quando a “cativamos” passa a dizer-nos muito.

A Raposa ensinou o Principezinho a criar laços e este acabou por cativá-la, mas tinha de a deixar, então a Raposa mandou-o ir ver as rosas mais uma vez com a promessa de que quando ele voltasse lhe contava um segredo.

O Principezinho dirigiu-se às Rosas e disse o seguinte:

“Vocês são bonitas, mas vazias – insistiu o Principezinho. – Não se pode morrer por vocês. Claro que, para um transeunte qualquer, a minha rosa é igual a vocês. Mas, sozinha, é muito mais importante do que vocês todas juntas, porque foi ela que eu reguei. Porque foi ela que eu pus debaixo de uma redoma, Porque foi ela que eu abriguei com o biombo. Porque foi a ela que eu matei as lagartas (menos duas ou três, por causa das borboletas). Porque foi a ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se e até, às vezes, calar-se. Porque é a minha rosa.”

O mesmo se passa com os amigos verdadeiros, que conhecemos, nem que seja só por uns anos, são nossos amigos e isso distingue-os, de todas as outras pessoas. O segredo da Raposa foi: “É muito simples: Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos…foi o tempo que perdeste com a tua rosa que a tornou tão importante.” - Isto significa que a maioria das pessoas julga os outros pelo seu aspecto em vez de olhar para elas com o coração e às vezes precisamos de ficar longe das pessoas para percebermos o quanto são importantes para nós.

Também gostei desta frase: “Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que cativaste” – se pensarmos bem, tornamo-nos responsáveis por cada pessoa que cativamos toda a vida, mesmo que estejamos longe delas!

Outro aspecto que achei interessante neste livro foi o facto de o Principezinho estar sempre a fazer perguntas e querer sempre uma resposta, nunca desistindo se não lhe respondessem.

Ana Cristina Silva (nº 2, 9º A)