segunda-feira, 17 de abril de 2023

Lembrar Agustina

Publicamos os trabalhos premiados no Concurso Literário que foi promovido na Semana da Leitura 2023, com o objetivo de Lembrar Agustina, no âmbito do centenário do seu nascimento.

Partindo do tema proposto para o Texto do Mês de Março, De Novo o Sol e da leitura do conto Dentes de Rato, de Agustina Bessa-Luís, os alunos escreveram textos de grande qualidade, o que obrigou o júri a atribuir dois primeiros prémios ex-aequo e duas Menções Honrosas.


1.º Prémio ex-aequo

Texto narrativo inspirado em Dentes de Rato

   No dia do seu aniversário de nove anos, Lourença estava desanimada, pois ninguém lhe tinha dado grande importância, tanto é que ela apenas tinha recebido um lenço e um relógio. Contudo, de noite, quando ela estava no seu quarto uma pomba pousou no peitoril da sua janela, deixando-a muito feliz, visto que, nos pensamentos dela, isso seria o seu presente de anos e pelo menos alguém se tinha lembrado dela, mas o que ela não esperava era que essa tal pomba falasse. Então Lourença assustou-se quando a ouviu dizer:

  - Olá, Lourença, tudo bem? Pareces triste.

  - O quê? Como é que tu consegues falar? Os animais não falam! - respondeu Lourença.

  - Eu sou especial, sou uma pomba criada e enviada pela tua tia Mariana, ela queria dar-te os parabéns e um presente, mas, como já sabes, ela é de muito longe, então eu vim por ela.

  - Ela lembrou-se de mim? - perguntou Lourença entusiasmada.

  - Claro, por que motivo achas que isso não aconteceria?

  - Porque quase ninguém se lembrou e se isso aconteceu, não acharam que fosse muito importante. - Lourença respondeu, ficando com o semblante um pouco triste novamente.

  - Não fiques assim - disse a pomba tentando animá-la - A tua tia queria dar-te um presente maior e mais bonito, mas eu só conseguia trazer esta mochila, sendo assim ela comprou algo mais pequeno para eu te entregar - dizia a pomba, enquanto tentava alcançar a pequena mochila que trazia entre as asas, com o bico.

- Não consigo. Lourença, pega na mochila que está nas minhas costas, abre e vê o que tem dentro.

Lourença assim o fez, abriu a mochila e lá estava um peluche de unicórnio em miniatura. Enquanto Lourença olhava para o peluche e pegava nele, não conseguia parar de pensar que já estava muito velha para receber peluches, mas percebeu que estava errada, porque entre o lenço, o relógio e o unicórnio, o unicórnio era o que mais tinha gostado e o que sabia que mais ia estimar.

  - Muito obrigada! Eu adorei o presente – disse Lourença animada e feliz.

  - De nada! Eu digo à tua tia que gostaste.

  - E obrigada por me teres feito companhia e me animado um pouco mais.

  - Sempre que precisares de companhia, ajuda ou seja o que for, apenas aperta a pata do unicórnio - foi a última coisa que a pomba disse quando levantou voo pelo ar e se perdeu no meio das nuvens.

  Depois disso, Lourença observou o céu por alguns longos minutos para tentar localizar a pomba novamente, mas, vendo que não tinha resultados e que já estava com sono, apenas se deitou com o unicórnio entre as mãos e adormeceu.

  Bianca Monteiro, 9.º A


1.º Prémio ex-aequo

De novo o Sol

              Lourença estava de férias e não tinha nada para fazer, portanto, com saudades, foi visitar a avó.

            A sua avó vive numa floresta bem distante e teve de pedir a seus pais para a levar. A viagem começou bem calma, até que a temperatura começou a aumentar. O radiador sobreaqueceu, o ar condicionado avariou e o motor também, ficaram parados na estrada, debaixo daquele Sol escaldante. Nenhum carro passava, tentaram ligar a um reboque, mas não tinham sinal e acabaram por decidir continuar empurrando o carro. Haviam-se passado horas e, já de noite, chegaram à floresta. Porém havia algo estranho:

         - Onde estão as macieiras? Os sobreiros? Os castanheiros? - perguntou Lourença assustada.

            - Só vejo pinheiros… - disse sua mãe.

            Tentaram voltar atrás mas ambos, o carro e a estrada, haviam desaparecido, apenas se via os grandes e robustos pinheiros. Lourença desesperada começa a correr à procura do caminho de volta, até que ouve um barulho. Um som grave acompanhado com o tremer do chão que, quanto mais o tempo passava, ia ficando mais alto e o tremor mais violento. Lourença, aterrorizada e com medo que fosse algo que lhe pudesse fazer mal correu no sentido oposto. Nesse momento, ela havia-se perdido dos pais e estava exausta. Quase pronta a desistir, sentou-se num tronco à espera do inevitável até que encontrou algo parecido com uma tampa de esgoto. Lourença levantou a tampa e debaixo viu um buraco grande o suficiente para ela se esconder. Escondeu-se e esperou, esperou, até começar a sentir uma grande quantidade de calor, provavelmente causado pelo Sol que já se levantava no céu.

            Após alguma hesitação, decide levantar a tampa e… acorda, numa cama, na casa de sua avó rodeada pelos pais e pela avó. Ela havia desmaiado no carro devido ao calor extremo e tudo havia sido um sonho, desde a avaria do radiador até à altura em que levantou a tampa.

 

Afonso Bento, 8.º B


Menção Honrosa

 De novo o Sol   

         Era começo da primavera, as flores começaram a florescer e o sol que antes mal aparecia, agora mostrava os seus raios dourados sem timidez. Mas ainda estava frio. Haveria um casamento logo de manhã e Lourença não entendia o sentido de casar-se com alguém.

- Não entendo o casamento, é simplesmente prender-se a alguém pelo resto da vida e gastar muito dinheiro numa festa em que nem gostamos de metade das pessoas que convidamos. Não faz sentido! – dizia Lourença a reclamar, enquanto a sua irmã a ajudava a arranjar-se para o casamento.

- Para de parvoíces e fica quieta! – reclamava Marta já cansada de ouvir Lourença. – O amor é algo único e quando amamos alguém, queremos passar o resto da vida ao lado dessa pessoa.

Lourença calou-se, afinal, a sua irmã não podia falar muito. Andava sempre com um namorado diferente todas as semanas. Porém, no meio daquela confusão de gente a andar de um lado para o outro, o silêncio instalou-se na cabeça de Lourença. “Mas, em que é que o amor se transforma quando chega ao fim?” – pensava e pensava, mas não chegou a nenhuma conclusão certa. Talvez uma nova mágoa ou uma nova história para contar.

 

Joana Silva, 8.º B


Menção Honrosa

De novo o Sol

            Era uma vez uma terra onde os raios do Sol não se viam desde há muitos anos. Lá viviam dois irmãos que se chamavam Artur e Falco. Eles eram detetives e há muito tempo que tentavam solucionar este caso.

            Certo dia, um dos irmãos lembrou-se de perguntar ao seu tio António quando tinha sido a última vez que vira o Sol. Assim, quando Artur e Falco chegaram à casa do seu tio, perguntaram-lhe:

            - Olá, tio António! Quando é que foi a última vez que viste o Sol?

- Olá, sobrinhos! A última vez que vi o Sol foi há cerca de trinta anos, numa tarde de verão, e de repente ele desapareceu! Até parece que foi roubado! – respondeu o tio António.

            Depois de ouvirem o que o seu tio tinha dito, os irmãos pensaram logo em alguém que conheciam. Alguém tão malvado a ponto de roubar o Sol e, portanto, foram até à sua casa.

Assim que lá chegaram, bateram à porta da residência de Marta e, quando ela abriu a porta, notou-se um feixe de luz que intrigou Artur e Falco.

- Podemos revistar a tua casa? – perguntou Artur.

- Não! – respondeu Marta. – Aqui não tem nada que precises ver.

             Ignorando-a completamente, os irmãos entraram e, quando viram o Sol fechado numa sala, prenderam Marta.

- Como e porque é que fizeste isto? – perguntou Falco.

- Eu queria o Sol para fazer umas experiências, por isso vi um tutorial de como encolher e roubar o Sol na Internet... – respondeu Marta.

            Artur e Falco colocaram a estrela onde devia estar e fizeram com que ela aumentasse até ter o seu tamanho original. O povo ficou a saber da notícia, agradeceram aos irmãos e viveram felizes para sempre e de novo com o Sol.

  

Gonçalo Monteiro – 7.º B