Publicamos os trabalhos premiados no Concurso Literário que foi promovido na Semana da Leitura 2023, com o objetivo de Lembrar Agustina, no âmbito do centenário do seu nascimento.
Partindo do tema proposto
para o Texto do Mês de Março, De Novo o Sol e da leitura do conto Dentes
de Rato, de Agustina Bessa-Luís, os alunos escreveram textos de grande
qualidade, o que obrigou o júri a atribuir dois primeiros prémios ex-aequo e
duas Menções Honrosas.
1.º Prémio ex-aequo
Texto narrativo inspirado em Dentes de Rato
No dia do seu aniversário de nove anos,
Lourença estava desanimada, pois ninguém lhe tinha dado grande importância,
tanto é que ela apenas tinha recebido um lenço e um relógio. Contudo, de noite,
quando ela estava no seu quarto uma pomba pousou no peitoril da sua janela,
deixando-a muito feliz, visto que, nos pensamentos dela, isso seria o seu
presente de anos e pelo menos alguém se tinha lembrado dela, mas o que ela não
esperava era que essa tal pomba falasse. Então Lourença assustou-se quando a
ouviu dizer:
- Olá, Lourença, tudo bem? Pareces triste.
- O quê? Como é que tu consegues falar? Os
animais não falam! - respondeu Lourença.
- Eu sou especial, sou uma pomba criada e
enviada pela tua tia Mariana, ela queria dar-te os parabéns e um presente, mas,
como já sabes, ela é de muito longe, então eu vim por ela.
- Ela lembrou-se de mim? - perguntou Lourença
entusiasmada.
- Claro, por que motivo achas que isso não
aconteceria?
- Porque quase ninguém se lembrou e se isso
aconteceu, não acharam que fosse muito importante. - Lourença respondeu,
ficando com o semblante um pouco triste novamente.
- Não fiques assim - disse a pomba tentando
animá-la - A tua tia queria dar-te um presente maior e mais bonito, mas eu só
conseguia trazer esta mochila, sendo assim ela comprou algo mais pequeno para
eu te entregar - dizia a pomba, enquanto tentava alcançar a pequena mochila que
trazia entre as asas, com o bico.
- Não consigo. Lourença,
pega na mochila que está nas minhas costas, abre e vê o que tem dentro.
Lourença assim o fez,
abriu a mochila e lá estava um peluche de unicórnio em miniatura. Enquanto
Lourença olhava para o peluche e pegava nele, não conseguia parar de pensar que
já estava muito velha para receber peluches, mas percebeu que estava errada, porque
entre o lenço, o relógio e o unicórnio, o unicórnio era o que mais tinha
gostado e o que sabia que mais ia estimar.
- Muito obrigada! Eu adorei o presente –
disse Lourença animada e feliz.
- De nada! Eu digo à tua tia que gostaste.
- E obrigada por me teres feito companhia e
me animado um pouco mais.
- Sempre que precisares de companhia, ajuda
ou seja o que for, apenas aperta a pata do unicórnio - foi a última coisa que a
pomba disse quando levantou voo pelo ar e se perdeu no meio das nuvens.
Depois disso, Lourença observou o céu por
alguns longos minutos para tentar localizar a pomba novamente, mas, vendo que
não tinha resultados e que já estava com sono, apenas se deitou com o unicórnio
entre as mãos e adormeceu.
Bianca
Monteiro, 9.º A
1.º Prémio ex-aequo
De
novo o Sol
Lourença
estava de férias e não tinha nada para fazer, portanto, com saudades, foi
visitar a avó.
A sua avó
vive numa floresta bem distante e teve de pedir a seus pais para a levar. A
viagem começou bem calma, até que a temperatura começou a aumentar. O radiador sobreaqueceu,
o ar condicionado avariou e o motor também, ficaram parados na estrada, debaixo
daquele Sol escaldante. Nenhum carro passava, tentaram ligar a um reboque, mas
não tinham sinal e acabaram por decidir continuar empurrando o carro. Haviam-se
passado horas e, já de noite, chegaram à floresta. Porém havia algo estranho:
- Onde
estão as macieiras? Os sobreiros? Os castanheiros? - perguntou Lourença
assustada.
- Só vejo
pinheiros… - disse sua mãe.
Tentaram
voltar atrás mas ambos, o carro e a estrada, haviam desaparecido, apenas se via
os grandes e robustos pinheiros. Lourença desesperada começa a correr à procura
do caminho de volta, até que ouve um barulho. Um som grave acompanhado com o
tremer do chão que, quanto mais o tempo passava, ia ficando mais alto e o
tremor mais violento. Lourença, aterrorizada e com medo que fosse algo que lhe
pudesse fazer mal correu no sentido oposto. Nesse momento, ela havia-se perdido
dos pais e estava exausta. Quase pronta a desistir, sentou-se num tronco à
espera do inevitável até que encontrou algo parecido com uma tampa de esgoto.
Lourença levantou a tampa e debaixo viu um buraco grande o suficiente para ela
se esconder. Escondeu-se e esperou, esperou, até começar a sentir uma grande
quantidade de calor, provavelmente causado pelo Sol que já se levantava no céu.
Após alguma
hesitação, decide levantar a tampa e… acorda, numa cama, na casa de sua avó
rodeada pelos pais e pela avó. Ela havia desmaiado no carro devido ao calor
extremo e tudo havia sido um sonho, desde a avaria do radiador até à altura em
que levantou a tampa.
Afonso
Bento, 8.º B
Menção Honrosa
De novo o Sol
Era começo da primavera, as flores começaram a florescer e o sol que antes mal aparecia, agora mostrava os seus raios dourados sem timidez. Mas ainda estava frio. Haveria um casamento logo de manhã e Lourença não entendia o sentido de casar-se com alguém.
-
Não entendo o casamento, é simplesmente prender-se a alguém pelo resto da vida
e gastar muito dinheiro numa festa em que nem gostamos de metade das pessoas
que convidamos. Não faz sentido! – dizia Lourença a reclamar, enquanto a sua
irmã a ajudava a arranjar-se para o casamento.
-
Para de parvoíces e fica quieta! – reclamava Marta já cansada de ouvir
Lourença. – O amor é algo único e quando amamos alguém, queremos passar o resto
da vida ao lado dessa pessoa.
Lourença
calou-se, afinal, a sua irmã não podia falar muito. Andava sempre com um
namorado diferente todas as semanas. Porém, no meio daquela confusão de gente a
andar de um lado para o outro, o silêncio instalou-se na cabeça de Lourença. “Mas,
em que é que o amor se transforma quando chega ao fim?” – pensava e pensava,
mas não chegou a nenhuma conclusão certa. Talvez uma nova mágoa ou uma nova
história para contar.
Joana
Silva, 8.º B
Menção Honrosa
De novo o Sol
Era uma vez uma terra onde os raios do Sol
não se viam desde há muitos anos. Lá viviam dois irmãos que se chamavam Artur e
Falco. Eles eram detetives e há muito tempo que tentavam solucionar este caso.
Certo dia, um dos irmãos lembrou-se de
perguntar ao seu tio António quando tinha sido a última vez que vira o Sol. Assim,
quando Artur e Falco chegaram à casa do seu tio, perguntaram-lhe:
- Olá, tio António! Quando é que foi a
última vez que viste o Sol?
- Olá, sobrinhos! A última
vez que vi o Sol foi há cerca de trinta anos, numa tarde de verão, e de repente
ele desapareceu! Até parece que foi roubado! – respondeu o tio António.
Depois de ouvirem o que o seu tio tinha
dito, os irmãos pensaram logo em alguém que conheciam. Alguém tão malvado a
ponto de roubar o Sol e, portanto, foram até à sua casa.
Assim que lá chegaram,
bateram à porta da residência de Marta e, quando ela abriu a porta, notou-se um
feixe de luz que intrigou Artur e Falco.
- Podemos revistar a tua
casa? – perguntou Artur.
- Não! – respondeu Marta.
– Aqui não tem nada que precises ver.
Ignorando-a completamente, os irmãos entraram
e, quando viram o Sol fechado numa sala, prenderam Marta.
- Como e porque é que
fizeste isto? – perguntou Falco.
- Eu queria o Sol para
fazer umas experiências, por isso vi um tutorial de como encolher e roubar o
Sol na Internet... – respondeu Marta.
Artur e Falco colocaram a estrela onde
devia estar e fizeram com que ela aumentasse até ter o seu tamanho original. O
povo ficou a saber da notícia, agradeceram aos irmãos e viveram felizes para
sempre e de novo com o Sol.
Gonçalo Monteiro – 7.º B