
O livro que eu escolhi foi Platero e Eu de Juan Ramón Jiménez, um poema em prosa de um autor que ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1956 e que é responsável por uma riquíssima e muito vasta obra poética, que começou a ser publicada a partir de 1900. Este livro chamou-me a atenção por causa da sua capa, pois ela é simples, mas bonita. Quando a olhei imaginei logo uma história e gostei.
Platero e Eu trata especialmente da descrição do ambiente e da vida da gente simples de uma pequena aldeia andaluza. Fala da afeição que une um burrito, Platero, ao dono (o narrador), que por sua vez o torna seu confidente (“Chamo-o docemente: «Platero» ele vem ate mim com um trote curto e alegre que parece rir em não sei que guizalhar ideal…Come o que lhe dou. Gosta das tangerinas, das uvas moscatéis, todas de âmbar, dos figos roxos, com a sua cristalina gota de mel.”) Ele é o verdadeiro sujeito da acção.
Ambos, o jovem e o burro, percorrem as ruas da aldeia e os campos em seu redor, tocando impressões e imaginando aventuras. Ao longo do vasto passeio cruzaram-se com alguns dos seus contemporâneos (brinca com Diana a linda cadelinha branca, a filha do carvoeiro que entoa um canção de embalar, com os meninos e com o padeiro…)
Uma das partes que mais me tocou foi a parte onde o poeta descreve a amizade existente entre Platero e o jovem, pois o animal é como que o seu melhor amigo, um companheiro e um confidente. Acho que o jovem acredita nesta amizade, porque sabe que com Platero pode falar e exprimir os seus sentimentos à vontade. Ele ouve-o e nunca o deixa ficar mal. (“Damo-nos bem. Deixo-o ir à vontade e ele leva-me sempre onde quero. Platero sabe que ao chegar ao pinheiro (…) gosto de acariciá-lo (…). Platero rendeu-se-me como a uma adolescente apaixonada. Não protesta por nada. Sei que sou a sua felicidade.”)
O final desta grande amizade não acabou lá muito bem, pois o burro (este que era mais que um amigo para o pobre jovem) morreu. Eu achei injusto, mas a vida é assim mesmo, injusta e dolorosa, e nós temos de estar prontos para tudo, ou podemos sofrer um grande desgosto, como o que teve o jovem ao ver-se sem o seu companheiro de tantas aventuras. Deixo um excerto desse desgosto. (“Encontrei Platero deitado na sua cama de palha, os olhos mortiços e tristes. Aproximei-me dele, afaguei-o, falando-lhe, e quis que se levantasse… O pobre mexeu-se bruscamente e deixou ajoelhada uma das mãos… Não podia… Então estendi-lhe a mão no sol afaguei-o novamente com ternura e mandei chamar o seu médico.”)
Eu gostei muito de ler esta obra, porque é fácil de ler e de compreender. Mas não só. Gostei muito dela também, porque esta é das histórias que pode deixar-nos a pensar, a pensar como um simples e inofensivo animal pode tornar-se no nosso maior amigo. Mais que um verdadeiro amigo, este burrito tornou-se a família do jovem narrador!
Bebiana Pinto (nº3, 9º C)