Ilustração da época, reproduzida na obra citada infra (p.65)
Uma das facetas em que se notabilizou Almeida Garrett foi, como o referimos já, a sua veia retórica, vinda a lume desde cedo com intervenções políticas, mas também jornalísticas, como as que publicou a meias com Luís Francisco Midosi em O Toucador, jornal sobre modas, teatro, namoro, bailes, passeios, entre outros, primeiro do género no nosso País, por se tratar de um «Periódico sem política dedicado às Senhoras portuguezas».
A editora Vega republicou o que entre 1822 veio a lume, em sete números e um prospecto, e de que hoje damos conta num pequeno excerto (sobre moda, precisamente). Sobre esta publicação, aconselhamos a leitura do ensaio de Irene Fialho, disponível aqui, a partir da Biblioteca Digital Camões.
«A beleza principal da moda consiste na sua variedade e inconstância. Criada para o belo sexo, e por ele dirigida, deve necessariamente participar da sua natureza.
Longe de mim declamar agora contra a natural volubilidade das belas! Loucamente lhes tem sido criminada esta propensão. Que cegos que são os homens em discernir o que é mais de seus interesses! Que seria do mundo, e dos seus prazeres, que seria de nós, e de nossos divertimentos, se uma fatigadora constância, uma incomodante firmeza nos ligassem por uma eternidade amorosa a um único objecto. Que insipidez perpétua, que sensaboria uniforme!»
Almeida Garrett, O Toucador (edição Vega)

