segunda-feira, 7 de março de 2011

«Aqui gostamos de ler Almeida Garrett»




Pormenor da ilustração de António José da Costa, a propósito de Joaninha (personagem do romance «Viagens na Minha Terra»), a partir de edição fac-similada da Lithografia Nacional do Porto. (Colecção «Homenagem a Garrett» da Biblioteca Almeida Garrett)


Amanhã, 8 de Março, assinala-se o Dia Mundial da Mulher, não sendo despicienda a referência aqui a uma figura como a do grande poeta, que foi Almeida Garrett. Poucos como ele celebraram de modo tão sublime e tão sistemático a figura da mulher, fosse nos seus romances (em especial, Joaninha), fosse no teatro (onde pontificam personagens como Madalena, Maria, Paula Vicente ou Dona Beatriz), fosse ainda na poesia (com destaque para a Viscondessa da Luz, a quem dedica «Folhas Caídas»).

A Biblioteca Municipal Almeida Garrett partilha com todos os seus leitores (e nós partilhamo-lo também) um desdobrável, onde recorda alguns depoimentos do escritor sobre a importância da mulher.

Aqui gostamos de ler Garrett, hoje com este belo poema de «Folhas Caídas».


Bela d'Amor

Pois essa luz cintilante
Que brilha no teu semblante
Donde lhe vem o ‘splendor?
Não sentes no peito a chama
Que aos meus suspiros se inflama
E toda reluz de amor?

Pois a celeste fragrância
Que te sentes exalar,
Pois, dize, a ingénua elegância
Com que te vês ondular
Como se baloiça a flor
Na Primavera em verdor,
Dize, dize: a natureza
Pode dar tal gentileza?
Quem ta deu senão amor?

Vê-te a esse espelho, querida,
Ai!, vê-te por tua vida,
E diz se há no céu estrela,
Diz-me se há no prado flor
Que Deus fizesse tão bela
Como te faz meu amor.

Almeida Garrett, Folhas Caídas (Edições Europa-América)