quinta-feira, 29 de julho de 2010

«O Meu Livro de Cabeceira»



Como este é o último período, decidi ler o livro «Capitães da Areia» do escritor brasileiro Jorge Amado – “Jorge Amado (1912 – 2001) nasceu a 10 de Agosto de 1912, na fazenda Auricídia, no distrito de Ferradas, a sul do estado da Bahia. Fez os estudos universitários na Faculdade de Direito, no Rio de Janeiro, onde fez o bacharelato em Ciências Jurídicas e Sociais (1935), não tendo, porém, exercido a advocacia. Passou pela política, chegou a fazer parte da Assembleia Nacional Constituinte, tendo sido o deputado federal mais votado no estado de São Paulo. De 1947 a 1950 viveu como exilado político, em França. A partir de 1955, já de novo no Brasil, dedicou-se inteiramente à literatura.”

«Capitães da Areia» é o livro de Jorge Amado mais vendido no mundo inteiro. Publicado em 1937, teve a sua primeira edição apreendida e queimada em praça pública pelas autoridades do Estado Novo. Em 1944 conheceu nova edição e, desde então, sucederam-se as edições nacionais e estrangeiras, e as adaptações para a rádio, televisão e cinema.” Em Capitães da Areia. O livro tem duzentas e oitenta e seis páginas e trata-se de um romance.

Quanto ao argumento, a história fala da “vida dos meninos abandonados nas ruas de São Salvador da Bahia, conhecidos por Capitães da Areia”, que vivem do furto. São capitães da areia porque dominam todo o areal do cais da cidade e dormem num trapiche abandonado e degradado que fora, outrora, local de carga e descarga de barcos. Nesse trapiche, vivem quase cem crianças que constituem o grupo, em condições miseráveis, sem pais, sem amor nem carinho, apenas se contentando com o afecto das outras crianças e tentando sobreviver.

Para isso são obrigados a roubar, enfrentando, por vezes, as pessoas e fugindo das autoridades que pretendem extinguir o grupo de pequenos bandidos, porque são exactamente vistos deste modo pela sociedade rica da Bahia. Nota-se, de facto, um espaço social, pelo que o autor distingue a Bahia rica na parte mais alta da cidade e a Bahia pobre na parte baixa da cidade, reconhecendo-se o contraste existente e onde a alta sociedade despreza os pobres, pela sua inferioridade e pelas crianças abandonadas e miseráveis, que os assaltam e roubam. Outro facto inteligente por parte do autor é a atribuição dos nomes às personagens, que reflectem as suas características físicas, morais e também um bocado do seu passado. A curiosidade no leitor e a intriga prevalecem até ao final.

É fantástico ver como o autor descreve a vida destas crianças, que roubam, arriscam-se em negócios, etc., levados por sentimentos de alegria e felicidade (fascinam-se e contentam-se com pouco), de revolta, ódio e raiva por vezes e que acima de tudo aventuram-se na perigosa cidade da Bahia e usufruem como ninguém a liberdade das suas ruas.

O livro é interessantíssimo sem a menor dúvida, com uma linguagem acessível apesar do brasileiro e com um tema muito presente na actualidade, já que existem exemplos reais, por todo o mundo, desta história. Uma boa opção de leitura para idades dos oito aos oitenta!

Pedro Oliveira (9º A)