quarta-feira, 14 de julho de 2010

«O Meu Livro de Cabeceira»



Desta vez, elegi «O Carteiro de Pablo Neruda» de António Skármeta como meu livro de cabeceira. É um romance com 178 páginas, “recheadas” de metáforas. Já agora, uma metáfora é uma comparação com elementos que não têm qualquer ligação, normalmente.

Esta narrativa começa no mês de Junho de 1969, é história de um rapaz; Mario Jiménez, filho de pai pescador; José Jiménez. Mário vive com seu pai na Ilha Negra, que para ele é muito aborrecida. Ao contrário da maior parte dos habitantes desta ilha, Mário não quer a pesca como profissão.

O rapaz decide então ser o carteiro da ilha, mas nela só uma pessoa recebe correio: nada mais nada menos que Pablo Neruda, nome artístico de Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, grande poeta da língua castelhana, nascido a 12 de Julho de 1904. Este senhor era dos melhores poetas Chile por sinal! Daí ele ser o único que podia receber correspondência, porque sabia ler e também escrever.

Pablo e o adolescente criaram uma amizade singular. Com o vate Mário aprende a definição de “metáfora”, que até àquela altura ele não sabia o que era, e com os conselhos do sonhador e através das metáforas o jovem consegue conquistar uma moça chamada Beatriz González. Mais tarde, desse amor nasce uma criança: Pablo Neftalí Jiménez González.

Enquanto isso, decorrem eleições na terra natal de Pablo Neruda: é Salvador Allende, um amigo do poeta, quem as vence, o que muda a sua vida e apressa a sua saída da Ilha Negra.

Visto que este livro tem algumas metáforas, vou passar a citá-las: “Daqui oiço o teu coração ladrar como um cão” e “… a tua vida é negra como a boca de um lobo.” Seleccionei excertos de poemas que há no livro. Estes são o que mais gosto: “Então com sete línguas verdes, de sete tigres verdes, de sete cães verdes, de sete mares verdes, percorre-a, beija-a, humedece-a, e bate no peito repetindo o seu nome.”; “Não gosto da casa sem telhado nem da janela sem vidros. Não gosto do dia sem trabalho nem da noite sem sonhos. Não gosto do homem sem mulher nem da mulher sem homem.” e “Por favor minha pálida bela,/ cai amável sobre Neruda em Paris,/ veste-o de gala com o teu alvo/ traje de almirante…”.

Foi a partir destas metáforas, de excertos de poemas, e até de uma ode (composição lírica poética ou cântico) e mesmo do romance de Mário e Beatriz, que comecei a interessar-me por este livro, de um autor que eu desconhecia completamente.

Antonio Skármeta nasceu em 1940 no Chile, mais precisamente em Antofagasta. Este senhor é um escritor dos sete ofícios, porque era argumentista, tradutor, director de cinema e teatro e também professor de Literatura e é um dos mais relevantes autores latino-americanos actuais. «O Carteiro de Pablo Neruda» (1985) foi publicada em 30 línguas e adaptada com um grande êxito ao cinema, mas também os romances como: «Soñe que la nieve ardia»; «No paso nada»; «A Boda do Poeta» e «A Dança da Vitória». Não tenho nenhuma leitura comparativa a esta, visto que, é a primeira vez que leio um romance de Antonio Skármeta.

Posso dizer que é uma boa leitura, eu gostei muito de o ler, mas sinceramente isso depende do gosto de cada um e mais não argumento, tirem as vossas próprias conclusões lendo-o. Podem aproveitar depois de os exames passarem, na praia enquanto se secam de um belo mergulho aproveitem para lê-lo.

Andreia Moreira (9º A)