segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

«O meu livro de cabeceira»



O livro que escolhi para meu livro de cabeceira foi “Histórias da Terra e do Mar”, um volume escrito por Sophia de Mello Breyner Andresen. É um livro que tem 130 páginas e contém 5 contos, que nos fazem imaginar. Uma mistura da realidade, com o mundo imaginário, dos quais escolhi para este trabalho, a "História da Gata Borralheira" e "Saga". Tem ainda os contos: "A Casa do Mar", "O Silêncio" e "Vila d'Arcos".

"História da Gata Borralheira":

A "História da Gata Borralheira" foi escrita em 1965 e, na minha opinião, é um conto de fadas, realista que tem um final infeliz e um pouco estranho. Relato-nos a história de uma rapariga, Lúcia, bonita e pobre que é convidada para um baile, onde é humilhada, por usar um vestido lilás, velho e uns sapatos azuis com forro roto. Nesse baile, observou-se num espelho, de uma sala vazia, onde se achou horrível. É então que decide viver com a sua madrinha, que é rica. Vinte anos depois, já muito rica volta à mesma casa, do baile, agora com um vestido luxuoso e sapatos com brilhantes. Lúcia volta à sala vazia com o espelho, para ver a sua nova imagem, mas o espelho volta a reflectir-lhe a imagem dela há vinte anos. Na sala surge um homem que a conheceu, há 20 anos atrás, e pede-lhe um dos seus sapatos bordados a brilhantes, em troca dos sapatos rotos que tinha calçado há 20 anos. Ela fica imóvel e o Homem troca os sapatos. No dia seguinte é encontrada morta na mesma sala sem nunca ninguém perceber a troca de sapatos. Tendo assim, a história, um final misterioso.

Este conto tem uma pequena moral, que nos diz que nem sempre a riqueza é o melhor caminho e que as coisas podem nem sempre correr bem, resultando até num castigo, como é visível na seguinte parte, do conto:

“Lúcia quis fugir mas o seu corpo estava rígido e ela não pôde mover nenhum dos seus membros. Quis gritar mas a sua voz estava muda.

O homem inclinou-se, tirou-lhe do pé o sapato de brilhantes e calçou-lhe o sapato de farrapos. Quando ao clarear do dia encontraram Lúcia morta na varanda, ninguém quis acreditar no que via”

Este conto faz-me lembrar a “Cinderela” através do sapato deixado no meio da sala de dança e a vida pobre e a”Branca de Neve” através da seguinte parte:

“Era preciso que ela, como a madrasta da Branca Flor, pudesse naquela noite perguntar a todos os espelhos da casa: -Dizei-me espelhos, qual é a mais bela, a mais perfeita, a mais rica de triunfo, aquela que está em seu reino mais segura?”

"Saga":

Este conto foi escrito em 1972-1981, na minha opinião, a “Saga” é um conto de aventura. Não é uma história que tem partes felizes e tristes, pois Hans (personagem principal) foge, ainda muito jovem de casa, tudo para concretizar o sonho de ser capitão de um navio. Hans foge num navio que mais tarde atraca numa terra e foge novamente. É acolhido na casa de Hoyle, que o trata com se fosse seu filho adoptivo. Aos 21 anos, Hans já é capitão de um navio. Hans escreve várias cartas ao seu pai, mas quem responde é sempre a mãe, dando a seguinte resposta:

“Deus te perdoe, Hans, porque nos injuriaste e abandonaste. Manda-me o teu pai que te diga que não voltes a Vig pois não te receberá.”

A sua mãe e irmã acabam por morrer, deixando-o, assim sem esperanças de voltar a Vig. Hans torna-se rico e casa com Ana, de quem tem 7 filhos. O seu 1º filho morre no dia do baptizado. Hans adoece e morre no final de Novembro sem nunca regressar a Vig, sendo o seu último desejo, que a mulher e os filhos construíssem na sua sepultura um barco naufragado, passo a citar essa parte:

“- Quando eu morrer – pediu Hans – mandem construir um navio em cima da minha sepultura. - Um navio? – murmurou o filho mais velho. – um navio como? - Naufragado – disse Hans, E, até morrer, não falou mais.”

Aconselho a leitura destes dois contos, porque deixam no ar um enigma, que nos põe a pensar. São dois contos, que ao contrário do habitual, não tem finais felizes, mas são apaixonantes, pois misturam o mundo real com o mundo imaginário.

Ana Cristina da Silva Correia (nº 2, 9º A)