SUGESTÕES DE LEITURA


A estrela de doze pontas ~

A estrela de doze pontas da coleção o Bando dos Quatro do autor João Aguiar é uma obra muito interessante e motivou-me, porque gosto de mistérios e aventuras e também já vi esta história em série televisiva.

A história tem muitas peripécias.

No primeiro dia do Carlos em casa do tio, puseram-se os dois a pé cedo e foram ver as construções do Sr. Coelho. Nesse local, houve uma explosão e o Carlos encontrou uma estrela de doze pontas que dizia «chave do tesouro». Eles descobriram que a tal estrela era mais valiosa do que parecia. Também desconfiaram que fosse a chave de um tesouro que desaparecera há muitos anos. Levaram-na para casa e guardaram-na.

No dia seguinte, o Tio João foi à Biblioteca Municipal ver se encontrava algum livro sobre o assunto. Logo de manhã cedo, ficaram a saber que a Biblioteca tinha sido assaltada e que o único livro que foi roubado era o que o Tio João ia requisitar. À tarde, o Carlos conheceu uma rapariga, a Catarina. Curiosamente o pai da Catarina era amigo do Tio João. Saíram todos de casa e, mais tarde, quando regressaram, encontraram a porta de casa arrombada e a gaveta, onde estava guardada a estrela, aberta e vazia.

Após muitas aventuras perigosas, Carlos e o seu grupo de amigos foram salvos por Álvaro, o irmão mais novo do Carlos.

No final, os criminosos foram presos e o Bando dos Quatro, formado pelo Carlos, a Catarina, o Álvaro e o Frederico, acabam por descobrir o fabuloso tesouro.

Ana Silva, n.º2, 9.ºB

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O Rapaz do Pijama às Riscas

Na obra O Rapaz do Pijama às Riscas de John Boyne temos como personagem principal, um menino de 9 anos chamado Bruno. Este vivia em Berlim, na Alemanha, juntamente com a sua mãe, pai e a sua irmã Gretel. O pai era um soldado nazi e trabalhava para Hitler. A certa altura subiu de posto e viu-se obrigado a mudar-se com a sua família para Acho-Vil, terra onde viveram durante mais ou menos um ano, dizia ele que era até a guerra acabar.
Bruno não gostava da sua nova casa, aliás ele nem considerava aquilo sua casa, tinha soldados sempre a entrar e a sair e havia criados estranhos, que viviam do outro lado da vedação que era um campo de concentração, comandado pelo pai de Bruno.

Mais tarde, depois de Bruno já se ter instalado na sua nova casa, decidiu ir fazer aquilo que mais gostava que era explorar. Até que encontrou um menino que se tornou o seu melhor amigo para toda a vida, vivia do lado de lá da vedação e não tinha contacto físico com Bruno. Chamava-se Shmuel, tinha 9 anos, tal como ele, e, por coincidência, tinham nascido no mesmo dia. Podemos dizer que morreram no mesmo dia também, numa câmara de gás, juntamente com centenas de outros judeus. Bruno, como ia regressar a Berlim com a sua mãe e irmã, decidiu fazer uma “última aventura” com o seu melhor amigo, Shmuel. Vestiu um pijama igual ao dele, às riscas, e passou para o lado de lá da vedação, onde acabou por morrer por engano, devido à sua inocência neste mundo de ignorância.

Recomendo, sem dúvida, este livro a todas as pessoas. Esta história faz-nos olhar para o Mundo de maneira diferente, faz-nos perceber que não podemos ter tudo o que queremos e, por mais fácil que a vida nos pareça, não é assim tão simples. Nada acontece por acaso e talvez a morte de Bruno tenha feito abrir os olhos ao seu pai para ver o mal que estava a fazer às pessoas que não eram da sua “raça”.

É um romance jovem, que se lê bem, interessante e não revela qualquer aborrecimento no seu enredo. Para além disso, a linguagem não é difícil de entender, o autor tem a capacidade de escrever de modo simples e a leitura parece-me bem interpretada pelos leitores.

Este livro foi adaptado para o cinema, apesar de o filme não ser tão rico como o livro.

Mariana Monteiro, n.º12, 9.ºA
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A Lua de Joana

A obra A Lua de Joana de Maria Teresa Maia Gonzalez fala sobre uma jovem que perdeu a sua melhor amiga, Marta, por ter optado pelo caminho das drogas. Joana encontrou uma maneira de tê-la presente, escrevendo-lhe cartas, onde desabafava tudo o que sentia, desde alegrias a tristezas, tornando-se uma necessidade escrever-lhe.
A sua vida não era perfeita, vivia com um pai ausente, que apenas lhe sabia oferecer relógios, com uma mãe, que só se preocupava com o seu irmão e com a sua loja, e com o seu irmão, de feitio difícil com quem não tinha uma boa relação.

A situação de Joana piora quando a sua avó morre, nessa altura o mundo dela desabou completamente.

Mais tarde, em férias, encontra um cão e decide acolhê-lo, chamando-o de Lucas, o qual se veio a tornar o seu melhor amigo, sendo o único que a compreendia, sem julgá-la.

Diogo era o irmão da sua melhor amiga, o qual nunca conseguiu ultrapassar a morte da irmã. Joana muito preocupada, sempre tentou ajudar Diogo em tudo, até que se apercebe que ele entrou no mesmo mundo da Marta, o tal mundo das drogas. Também conheceu Rita, uma rapariga que tinha sido amiga de Marta e que levou Joana por maus caminhos. Com curiosidade, Joana entrou nesse mundo, para tentar compreender o lado de Marta. Felizmente, Diogo conseguiu curar-se e sair desse vício, já Joana perdeu-se e acabou por morrer da mesma forma que a sua melhor amiga.


Patrícia Fernandes, n.º16, 9.ºA
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 Marie Curie

Para os amantes da Ciência, sugiro a leitura Marie Curie de Beverley Birch, um dos livros da colecção “Pessoas que ajudaram o Mundo” da editora Replicação que retrata a história de uma grande humanista moderna e das adversidades por que passou.
É uma obra que aborda, com algum pormenor, a vida e obra de Marie Curie, cientista polaca que descobriu um poderoso elemento químico – o rádio – e foi a pioneira na ciência da radioactividade.

Os leitores podem, neste livro, assistir ao desenrolar do seu árduo, mas brilhante trabalho de investigação, documentado com imagens e fotografias sugestivas, que lhe valeu a atribuição do Prémio Nobel da Física em 1903 e da Química em 23 de Janeiro de 1911.

Dos vários contributos para a Humanidade, ressalto apenas um – o tratamento revolucionário contra o cancro que permitiu salvar inúmeras vidas e que, graças a Marie Curie, se tornou uma realidade.

A nível pessoal, é também surpreendente a narração minuciosa da sua trajectória de vida, com vários momentos bastante atribulados. Como refere Margaret Thatcher, no prefácio da obra, “Mas a história de Marie Curie não é só de uma proeza científica brilhante. É também a história muito humana da sua convicção apaixonada de que o trabalho de um indivíduo pode ajudar a humanidade; é a história da luta de uma mulher a quem o acesso à educação tinha sido negado; é a história de um trabalho árduo e esmerado, de determinação, com seus rasgos de tragédia”.

Por tudo isto, vale a pena ler Marie Curie, uma das mulheres mais corajosas e apaixonantes dos últimos séculos.

Professora Salete Pereira
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A cozinha é um laboratório

A cozinha é um laboratório de Margarida Guerreiro e Paulina Mata é um livro que nos mostra de forma inequívoca que a química e a física estão presentes no nosso dia a dia.

Com uma linguagem simples, as autoras explicam cientificamente algumas alterações que os alimentos sofrem quando sujeitos a processos culinários.

É um livro bastante interessante que desperta a curiosidade mergulhando-nos na aventura fascinante do mundo da ciência. O que parece difícil, quando se fala de átomos, de moléculas, de ligações, de calor e de outros conceitos químicos e físicos, torna-se evidente e leva-nos a procurar as respostas científicas de muitas situações que diariamente se presenciam na confecção de alimentos.

Sabias que o ananás fresco pode impedir a gelatina de gelificar? Pois é! Esta e muitas outras questões são desvendadas neste pequeno livro e podem ser experimentadas no “laboratório” que todos temos em casa.

Este livro é um excelente ponto de partida para aqueles que gostam da ciência experimental.

Lê e aprende um pouco mais sobre os processos químicos e físicos que gerem o nosso dia a dia.


Professora Elsa Campos
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Astérix e os godos

Estamos no final do ano lectivo, já com muitos meses de aulas e trabalho, razão por que proponho uma leitura leve, embora importante e lúdica: a de Astérix e os Godos.

As personagens gaulesas que René Goscinny e Albert Uderzo criaram ainda hoje divertem gerações de leitores em todo o mundo, ensinando a história de um modo divertido e bem-humorado. Em Astérix e os Godos, podemos desfrutar de uma viagem pelo encontro de culturas, tão próprio e actual numa Europa multilinguística e herdeira da babel que os romanos não conseguiram evitar, nem com a supremacia militar dos seus soldados ou do seu Latim.

Astérix e Obélix viajam assim em missão de resgate do famoso druida (Panoramix), que mais uma vez cai em mãos inimigas, e tudo por culpa da prodigiosa poção que torna invencíveis os habitantes da aldeia gaulesa. Os godos, povo de hordas selvagens, mas igualmente adversários dos romanos, desejam tornar-se invencíveis, mas enfrentam a oposição dos nossos heróis, com um final feliz (como sempre acontece).

Os leitores podem nesta aventura reavivar os seus conhecimentos de Banda-Desenhada, sendo relevantes os diferentes tipos de letra (o gótico e o latino, em especial), bem como as inúmeras vinhetas gestuais e o código cinético.

Mas, mais importante ainda, podem recordar o período da romanização e soltar boas gargalhadas, com as “piadas” que os autores inventaram para personagens que no ano 50 a.C. lembram muito as pessoas do nosso tempo. Será coincidência? Não, não é!

Para os leitores inteligentes, este livro é um excelente meio para descomprimir e aprender de um modo fácil e inesquecível!

Professor João Ricardo Lopes

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«O Manifesto d' Os Lusíadas»

Na busca incessante de uma obra para ler, encontrei, no fundo de uma prateleira do meu escritório, um livrinho, já com alguns anos de edição, cujo título achei sugestivo e bem a propósito: O Manifesto d´Os Lusíadas, de Adriano Moreira.

O 2.º período já começou e com ele uma nova unidade no programa de Língua Portuguesa do 9.º ano que tanto atemoriza os alunos. É com grande expectativa que, todos os anos, os alunos (os bons e interessados, acrescente-se!) aguardam o estudo de Camões através da leitura de Os Lusíadas.

Não só por constituir um magnífico exemplo poético, mas, principalmente, pelo facto de constituir a única epopeia cujo herói não é imaginado, não é fictício, Os Lusíadas inscrevem-se, no panorama literário mundial, como obra ímpar.

Inspirando-se nas epopeias dos clássicos Homero e Virgílio, Luís Vaz de Camões não necessita de inventar um herói e uma acção. Ao contrário da Odisseia de Homero e da Eneida de Virgílio, Os Lusíadas de Camões narra a verdadeira história de um povo. Não se trata de uma invenção, não é uma génese da imaginação, trata-se de Portugal e trata-se dos Portugueses. Os Lusíadas é um hino à vida nacional, à história vivida pelos portugueses dos Descobrimentos, é a narração da verdade «nua e crua» de um herói que não tem apenas um rosto, mas vários, o do povo português.

Esta obra, como refere Adriano Moreira, define a maneira portuguesa de estar no mundo, «A mão que executa com lealdade é no leme que está pousada. É segurando no leme com firmeza que responde ao Mostrengo. Esse marinheiro de Pessoa é um cidadão.» (1973: 9). Os Lusíadas não se limita a consagrar um passado de glória, mas projecta-se no futuro, na medida em que antevê o futuro de Portugal. Assim, desde o momento em que surgiu, 1572, foi o baluarte dos que se mantiveram fiéis ao seu país e que nunca se submeteram ao jugo espanhol. Durante os sessenta anos de domínio espanhol, apareceram em Portugal onze edições desta obra, demonstrativo da sua vertente política de verdadeiro manifesto do sentimento nacional.

Parafraseando Adriano Moreira, no seu livrinho, O Manifesto d´Os Lusíadas, estes são uma «intervenção consciente de um cidadão poeta.» De um poeta que comparticipou nessa História, como agente e como cronista, cantando os que «por mares nunca de antes navegados / passaram ainda além da Taprobana», e « entre gente remota edificaram / novo Reino que tanto sublimaram.»

Para quem estiver interessado em saber mais, aqui fica a nota bibliográfica:

MOREIRA, Adriano (1973), O Manifesto d´Os Lusíadas, Editora Pax, Braga.

Professora Elisa Ascensão

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«O Cavaleiro da Dinamarca»

«O Cavaleiro da Dinamarca», de Sophia de Mello Breyner Andersen, da editora Figueirinhas, é um bom livro de aventura e que transmite muitos conhecimentos do mundo em que vivemos, especialmente da história da cultura europeia.

O texto está muito bem escrito, com excelentes descrições, ao ponto de sentirmos e vermos a cena facilmente, como se estivéssemos lá.

A autora ao escrever consegue descrever tudo ao pormenor e faz uma boa escolha de palavras para que o leitor consiga viver a cena, como aqui se mostra: "Então a neve desaparecia e o degelo soltava as águas do rio que corria ali perto e cuja corrente recomeçava a cantar...". Ao lermos esta breve descrição, parece-nos que estamos a ouvir o rio a passar.

O livro é bom para lermos, porque é um bom conto, porque nos ensina que com algum esforço conseguimos ter tudo o que quisermos.

Helena Costa (nº 8, 7º A)

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«Alice no País das Maravilhas»

Para quem gosta de contos relacionados com o fantástico, com o maravilhoso, com o irreal, esta é uma obra fabulosa de um escritor inglês do século XIX.

Nesta sua obra, aparentemente dirigida a um público jovem, Charles Lutwidge Dodgson, sob o pseudónimo de Lewis Carroll, transporta-nos para um mundo da fantasia, onde os objectos e os animais mais incríveis ganham vida, desconcertando a harmonia do mundo verosímil. É nessa medida, que saliento o facto desta obra ser apenas tendencialmente dirigida a um público jovem. Na verdade, é um texto de difícil leitura, sendo necessário da parte do leitor um exercício mental de descodificação de sentidos e de metáforas.

No meio de peripécias algo insólitas e num diálogo permanente entre a personagem principal, a pequena Sofia, as personagens animadas, o coelho, a lebre, só para referir algumas, e as personagens dos baralhos de cartas, como a rainha de copas, que mandava cortar a cabeça a todos que dela discordassem, o autor manipula o discurso das personagens num jogo de sentidos e de palavras. É esse jogo semântico e vocabular que dificulta a leitura desta obra e entusiasma o leitor a percorrer o sinuoso caminho de descoberta do verdadeiro sentido dos vários episódios que se vão deparando.

Lewis Carroll é, assim, um precursor de escritores que marcam este género narrativo, como J. K. Rowling ou J. R. R. Tolkien, e cujas obras têm sido transpostas para a arte cinematográfica, fazendo um imenso sucesso de bilheteira entre jovens e adultos.

Professora Elisa Ascensão

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«Meu pé de Laranja Lima»

«O Meu Pé de Laranja Lima» de José Mauro de Vasconcelos foi um dos muitos livros que marcou a minha adolescência. É um livro comovente, que retrata as dificuldades com que as famílias se deparam em situações de desemprego e de pobreza.

Zézé, personagem à volta da qual se desenrola a história, é uma criança que transforma a sua revolta pela falta de carinho em diabruras. O seu coração dócil leva-o a valorizar as mais pequenas coisas e elege para sua confidente uma árvore, “Pé de Laranja Lima”, a quem conta todas as suas travessuras e segredos. Muito cedo aprende a resolver os seus problemas podendo por isso dizer-se que cresceu “depressa”. O seu único amigo era o pé de laranja lima, mas a sua capacidade de amar e de perdoar ajuda-o a tornar-se amigo de um homem rico mas muito solitário.

Quando a família deste petiz, de que nos fala a história, vê a sua situação económica melhorar e tudo parece correr sobre rodas, Zézé descobre o que é a dor da perda de um amigo… O seu amigo “Portuga” morreu num grave acidente de viação.

Querem saber mais? Leiam este livro!

Professora Elsa Campos


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«Conversa de Arquitecto»

Ao ler este livro, o que mais me encantou foi o sentir por parte do arquitecto Oscar Niemeyer a defesa de uma arquitectura mais das emoções e dos sentidos, da criatividade e da fantasia em oposição a uma outra forma de fazer arquitectura, mais racional e mais funcional.

Nós apercebemo-nos que até a obra ser partilhada/ usufruída/ degustada, o arquitecto muita coisa tem que resolver. Tem necessidade de planificar, tem de pensar na natureza do terreno, na orientação solar, no sentido económico que ela representa. Depois Desenhar é a procura da ideia desejada.

Partilho algumas das suas frases:

“(…) Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura inflexível criada pelo Homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu País, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein ...”

Oscar Niemeyer, no livro «Olhar Look At»

“(...) De um traço nasce a arquitectura. E quando ele é bonito e cria surpresa, ela pode atingir, sendo bem conduzida, o nível superior de uma obra de arte...”

“(...) O Homem segue o seu destino, satisfeito quando suas convicções e esperanças com ele coincidem ...”

Conselho que o Oscar Niemeyer dá aos jovens arquitectos

“Ler muito, sentir o Mundo que o espera, suas mazelas e inquietações”

“Como as árvores são magníficas, porêm o mais magnífico ainda é o espaço sublime e patético entre elas”

“A planície tudo engrandece.”

“As pirâmides do Egipto não seriam tão belas e monumentais sem os espaços horizontais sem fim que as realçam e até as modificam, conforme a luz de cada dia.

Frases de Rilke

“Oscar Niemeyer desenha na areia seu edifício” escreveu Carlos Drummond de Andrade num dos seus versos, e tinha razão. De um risco inicial nasce a arquitectura e até na areia isso pode acontecer.

Professora Estela Gomes

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«Diário de Anne Frank»

É impossível ficarmos indiferentes a este livro, escrito entre 12 de Junho de 1942 e 1 de Agosto de 1944 (três dias antes de ser presa, ela e toda a sua família, pela Gestapo, terrível polícia nazi). É uma obra perturbadora, escrito pelo punho de uma menina adolescente (com 13 anos apenas, quando inicia o seu relato autobiográfico), que vem comovendo gerações inteiras, desde a sua publicação em 1947 (dois anos após a morte de Anne Frank, num campo de concentração).

O diário, actualmente exposto na CASA ANNE FRANK, em Amesterdão, contém inúmeras entradas, as mais dramáticas das quais relativas à perseguição dos judeus e aos dias de esconderijo, no sótão da sua Casa, na Prisengracht. Nesse período, Anne fala do medo de ser descoberta e denunciada pelos vizinhos, da proibição de fazer ruídos em casa, da tristeza de viver fechada e sem a luz do sol, das pequenas fantasias que cria para conseguir sobreviver (razão por que inventa uma amiga, Kitty, “personagem” a quem vai dedicando muitas páginas).

A escrita deste «Diário» é paciente e cheia de alegria, apesar das circunstâncias em que é feita, pois Anne é uma menina sonhadora. Sonha com o fim da guerra e com a união de todas pessoas, mostrando-se chocado com os relatos que chegam do genocídio dos judeus. O pai de Anne, Otto Frank foi o único que sobreviveu e a pessoa que fez editar o livro. Segundo ele, a salvação do manuscrito foi um verdadeiro milagre, pois a casa foi tomada de assalto e pela Gestapo e roubados móveis e valores. Quem o fez não reparou no caderno da menina. Ainda bem. Fica um exemplo deste maravilhoso livro!

«Terça-feira, 11 de Abril de 1944

(…)

Eram dez e meia, onze horas, e de ruídos nada. Alternadamente vinham ter connosco o pai e o sr. van Daan. Depois, às onze e um quarto, ouvimos ruídos lá em baixo. Agora já se ouvia a respiração de cada um de nós. Não nos mexemos. Passos na casa, no escritório particular, na cozinha, depois... na escada que conduz à porta camuflada. Retivemos a respiração; oito corações a martelar. Passos na escada, sacudidelas nas prateleiras da porta giratória. Estes momentos são impossíveis de descrever.

— Estamos perdidos – pensei, e já nos via, a todos, arrastados pela Gestapo através da noite. Mais duas vezes mexeram na porta giratória, depois alguma coisa caiu e os passos afastaram-se. De momento, estávamos salvos. Então começámos todos a tremer. Ouvia-se o bater de dentes; ninguém conseguia pronunciar uma palavra.

Não se ouvia mais nada em toda a casa, mas havia luz do outro lado da porta camuflada. Teriam desconfiado desta ou esqueceram-se de apagar a luz? Dentro do prédio já não se encontravam estranhos; só lá fora, na rua, haveria possivelmente um guarda. As nossas línguas soltaram-se, começámos a falar, mas o medo ainda nos dominava. Todos precisavam... O Peter tem um cesto de papéis de chapa de ferro, que podia substituir o balde que estava no sótão.

O sr. van Daan começou, depois o pai. A mãe teve vergonha. O pai levou-nos o cesto ao quarto, onde a Margot, a srª van Daan e eu, muito contentes, o utilizámos, e, por fim, também a mãe. Todos queriam papel. Felizmente eu trazia algum comigo no bolso.

Do cesto vinha um cheirete horrível; falávamos em voz baixa; estávamos cansados. Era meia-noite.

— Deitem-se no chão e durmam!

Deram-nos, à Margot e a mim, almofadas. A Margot ficou deitada junto do armário dos víveres e eu entre as pernas da mesa. No chão não se sentia tanto o mau cheiro, mas a srª van Daan, sem fazer o mínimo ruído, foi buscar um pouco de cloro e deitou-o no cesto, que depois cobriu com um pano velho.

Conversas, murmúrios, mau cheiro, medo, e sempre alguém sentado no cesto. Impossível dormir-se. Às duas e meia eu estava tão cansada que não ouvi mais nada até ás três e meia. Depois acordei. Senti a cabeça da srª van Daan em cima do meu pé.

— Dêem-me alguma coisa para vestir. Tenho frio.

Atiraram-me roupa. Mas não queiras saber o que era! Fiquei com calças de lã em cima do pijama, um «pulover» e uma saia preta, umas meias brancas e, por cima, soquetes rotos.

Agora a srª van Daan sentou-se numa cadeira e o sr. van Daan deitou-se no chão, também em cima dos meus pés. Comecei a pensar em tudo o que tinha acontecido e pus-me a tremer de tal forma que o sr. van Daan não pôde dormir. Preparei mentalmente as palavras que havíamos de dizer, caso a policia voltasse. Com certeza era preciso confessar-lhes que éramos «mergulhados». Ou eles eram bons holandeses - e então estávamos salvos - ou eram pró-nazis e então aceitavam dinheiro!

— Tira o rádio - suspirou a srª van Daan.

— Queres que o deite ao fogão? Se nos encontrarem, já não importa que encontrem também o rádio.

— Então encontram também o diário da Anne – disse o pai.

— E se o queimássemos? – propôs a pessoa mais medrosa do nosso grupo.

Este momento e aquele em que eu tinha ouvido as sacudidelas da Policia na porta giratória, foram para mim os mais terríveis.

— O meu diário não! O meu diário só será queimado comigo!»


Professor João Ricardo Lopes

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«Cartas a uma jovem matemática»

«Cartas a uma jovem matemática» é um título intrigante para um elevado número de pessoas e diria mesmo que é perturbador para os amantes da Matemática.

Este livro cheio de magia é uma leitura obrigatória para todos os que se fascinam com os números mas também para os mais cépticos que acreditam que a matemática é dispensável. Nele, Ian Stewart, de uma forma perspicaz leva-nos a descobrir o fascínio desta ciência e a entender o que fazem os matemáticos.

Ao longo de todo o texto somos brindados com hilariantes episódios que além de provocarem um agradável sorriso fazem entender a beleza do pensamento matemático.

Ian Stewart, autor destas cartas, tornou-se matemático devido a um osso partido, aos sete anos de idade, e chegou, numa das suas palestras, a levar um tigre para a sala.

Muitas outras curiosidades podem ser descobertas com a leitura atenta e divertida deste atraente livro.

Neste fascinante livro descobre-se muitas coisas interessantes e úteis. Lê-o!

Professora Elsa Campos

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«Contos» de Vergílio Ferreira

Há livros que parecem ter sido escritos de propósito para nós. Por qualquer razão, quando lhes tocamos, sentimos a pele arrepiar-se e relemo-los sempre como quem visita um velho amigo. É o que acontece com os «CONTOS» de Vergílio Ferreira, um conjunto de histórias que conheci há mais de quinze anos e que ainda hoje me diverte até às lágrimas.

Ao todo, são vinte e seis as narrativas que fazem parte desta obra, a mais célebre das quais tem o curioso título de “A Galinha”, na qual se traça o humorístico retrato de uma aldeia das Beiras, que entra em pé de guerra por causa de uma troca de galinhas de barro, depois de umas compras na feira.

O escritor sabe apimentar as suas aventuras com períodos como “O Corneta tinha com o Catrelha uma questão de águas de há séculos e aproveitou. Os partidos subdiviram-se assim em grupos pelo Catrelha e pelo Corneta. Foi quando o Bóia que não gramava o Capador desde a história de um porco mal capado, adiantou na taberna que as galinhas possivelmente tinha sido trocadas por ele, que não gramava o meu tio desde uma mordomia do Mártir de S. Sebastião. O Carapanta ouviu e foi dizer. Num outro domingo, e já entusiasmado de briol, o Capador pediu satisfações. Armou-se então um arraial cujo balanço deu três feridos com facadas, dois à paulada e um morto com tiro de caçadeira. E desde então toda a aldeia ficou em pé de guerra.” (conto "A Galinha")

Mas há outras peripécias que nos divertem a valer: a história de “O Morto”, “A Fonte” ou “Palavra Mágica” mostram bem como ninharias são a causa de grandes problemas, quando as pessoas são ignorantes ou fanáticas. Já os contos “A Estrela” e “Fado Corrido” nos ilustram delicadas fantasias do autor, para quem o mundo real não esgotava o poder dos sonhos.

O livro é óptimo para jovens com curiosidade, para quem goste mesmo de descobrir o quanto uma língua como a portuguesa pode seduzir tanto e de uma forma tão cómica. Deixo mais um pequeno trecho, que o prova: “A cidade era escura dos muitos séculos que a tinham enegrecido. Porque o passado é sempre escuro e por isso é que se diz «na noite dos tempos» e outras coisas assim. Mas a rua onde ele morava era ainda mais escura do que as outras e era daí talvez que derivava o seu nome, precisamente o de Rua Escura. E no entanto a loja onde trabalhava, como se não houvesse escuridão bastante, era ainda mais escura: uma caverna comprida. Assim o dia e a noite não tinham lá que discutir o tempo de cada um…” (conto "O Imaginário")

Fica aqui esta sugestão. Verão que vale bem a pena levá-la em conta! Boas leituras!

Professor João Ricardo Lopes