sexta-feira, 22 de abril de 2016

 Divulgação dos nomes dos alunos 

premiados no âmbito das atividades da 

" Semana da Leitura "

e dos textos que os nossos premiados escreveram


































Publicam-se fotos de alguns dos momentos  especiais durante o sarau





























Ficam disponíveis para bons momentos de leitura, nesta página, os textos dos alunos premiados  no âmbito do Concurso Literário.Pela Mão da Escrita de Luísa Dacosta foi o tema dado para o Concurso Literário dinamizado pela Biblioteca Escolar, cuja divulgação e atribuição de prémios se inseriram na Semana da Leitura. Este concurso foi lançado aos alunos, na sequência dos Encontros com Livros, dinamizados pela docente Ana Paula Alves, Coordenadora da BE/CRE, que proporcionaram abordagens muito enriquecedoras de algumas obras de Luísa Dacosta. Muitos alunos aceitaram o desafio:  inspiraram-se na autora e escreverem os seus próprios textos. Desse processo criativo resultaram diversos trabalhos.  Partilhamos, ainda na página "Gosto de escrever", outros textos dos nossos alunos no âmbito deste Concurso!
 

Boa leitura!





Concurso Literário (Conto)


1º Ciclo

Nota Explicativa: Este texto foi inspirado na obra ROBERTICES de Luísa Dacosta
A carochinha e o João, na máquina do tempo.

            Era uma vez uma joaninha chamada Carochinha e um Freguês Caloteiro que não pagou ao Barbeiro.
            A Carochinha era cientista e inventava artefactos para viajar no espaço interestelar.
            Saltava de estrela em estrela e desviava-se dos buracos negros que a queriam sugar.
            Quando encontrava um cometa, segurava-se na sua cauda, mas por pouco tempo, pois sentia frio e ainda não tinha inventado um anticongelante espacial.
            De tempos, a tempos, sentia-se nostálgica ao lembrar-se do Planeta Azul onde nascera e fora muito feliz. Rodava o acelerómetro, parando apenas num prado verdejante, no meio dos terráqueos.
            - Huf! Desta vez a aterragem foi um pouco violenta, será que avariou algum travão?- disse de si para si.
            Seguiu para a aéro-oficina, que ficava num canavial, no interior de Portugal.
            - Penso que a revisão pode esperar. Vou primeiro refrescar-me, visitar alguns amigos e depois pensarei no assunto.
            Já liberta, da nave, abriu as suas lindas asas e esvoaçou livremente, fazendo até umas piruetas.
            - Fiquei tonta. - disse sorrindo a joaninha.
            De repente, ouviu um grande barulho:
            - Pum…! Pum…! Pum…!
            - As minhas tonturas fazem-me ouvir coisas estranhas. -  comentou.
             Mas algo mais se passava:
            - Paga caloteiro, seu ladrão.
            - Ah! Parece o meu amigo Barbeiro. Está em apuros. Vou dar uma espreitadela, para me inteirar do que se passa. – balbuciou.
            Voando cautelosamente, viu o barbeiro vermelho de raiva e a bater sem dó nem piedade em alguém.
            - O João Caloteiro!!! Sempre o mesmo. Quer ir para o espaço, como eu, mas em vez de trabalhar e investigar para conseguir fazer a sua máquina, põe-se a roubar! –conjeturou ela.
            Resolveu ir conversar com o Barbeiro.
            - Sr. Barbeiro, sr. Barbeiro! – chamou a Carochinha, com uma voz tão fininha que mal se ouvia.
            O barbeiro coçou a orelha e eis, que aparece na sua mão, a joaninha.
            - Ó minha Carochinha, que saudades! Sabes? Este sacana, quer fugir sem pagar e a vida é difícil para mim também.
            - Eu sei. - respondeu a Carochinha - por isso decidi  morar no espaço, mas vamos conversar com ele para percebermos porque faz estas coisas. (A Carochinha bem sabia que o João caloteiro imaginava que ela estaria para chegar e quis pôr-se janota, embora isso não o desculpasse da atitude incorrecta que teve).
            Depois de o acalmar, despediu-se e pousando no ombro do Caloteiro chamou:
            - João! João! Continuas a fazer o que não deves - sussurrou a Carochinha.
            - Ai! Chegaste minha Carochinha. Que saudades! Desta vez vais ajudar-me a ir contigo para os milhões de sóis que trago na minha cabeça. - falou o João, ainda meio incrédulo com tal visão.
            - Vamos então pensar como poderemos fazer – sugeriu ela.
            - Eu tenho uma ideia – disse o João (que não era tão caloteiro como dera a entender). Tu és pequenina, voas bem e rápido. Vai à floresta onde vive o Ratão. Ele tem uma varinha de condão que não sabe utilizar. Se lhe tocares com carinho ela traz-te até ao pé de mim e pedimos-lhe ajuda. Eu não posso ir à floresta, pois vou encontrar o cão, o porco e o gato que me impedem de passar.
            - Está bem, concordo. Espero que não aconteçam muitos percalços.
            - A Carochinha pôs-se a caminho e não foi difícil convencer a varinha de condão.
            Fizeram uma reunião e decidiram, num ápice, construir uma máquina do tempo – claro que, para a varinha de condão, isso foi muito fácil, pois a meiguice da Carochinha também fazia magia.
            - Antes de partirem – acrescentou a varinha de condão - esperem um pouco.
            Rataplão…Rataplão… já não serás caloteiro, serás apenas João.
            Rataplão…Rataplão… já não serás homem, serás o inseto João.
            Nesse momento, o João transformou-se numa joaninha- macho.
            Ambos cruzam agora o espaço sem fim, no passado, no presente e quem sabe, se também irão ao futuro?
            Eu, ainda hoje os vi, neste conto que escrevi.
                                  
                                                                                                   
João Paulo Ribeiro – 3º B
1º Prémio 1º Ciclo









2º Ciclo
A menina e o sonho
Uma menina e um sonho. O sonho de voar, de ter amigos.
- Quem me dera voar ou até ter amigos! - dizia Mariana todas as noites antes de se deitar.
 E todas as noites Mariana ia para a janela e punha-se atrás das belas cortinas que refletiam o luar da noite, a ver as estrelas, os pássaros de várias cores, tão bondosos e apreciados por toda a gente.
- Quem me dera ser um pássaro, para ir ter com as estrelas - sussurrava triste Mariana.
De seguida Mariana deitou-se e sonhou que estava na escola e tinha muitos amigos e, o melhor de tudo, que voava sem asas.
 E pensava:
- Como é que eu voo sem asas?
- É o voo da imaginação, o voo do sonho - respondeu um pássaro brilhante como as estrelas e que parecia ser muito sábio.
- Deves estar a perguntar quem sou eu- continuou o pássaro - sou o pássaro dos sonho ou até o pássaro da imaginação.
 Trim, trim- tocou o telefone no quarto. Mariana acordou um pouco zangada por ter sido acordada no momento em que…
- Oh não! Está aqui um pássaro bebé que não consegue voar – exclamou Mariana.
Mariana, como era muito bondosa, ajudou o pobre animal a voar e de repente começou a sentir-se estranha. Tinha-se tornado numa menina coração de pássaro por ser bondosa para com toda a gente. Subiu para junto das estrelas e falaram de coisas que só para ela faziam sentido. Mariana tinha-se tornado uma menina feliz, quer dizer uma menina coração de pássaro.

Susana Ribeiro – 1º Lugar ex-aequo 2º Ciclo



A Rapariga e o Sonho


Era uma vez uma história tão bonita, tão bonita, que os livros não aguentavam com tanta beleza!
            Nessa história havia uma rapariga…
Mas quem era essa rapariga?
            Esperem um pouco, já vão saber…
            Um dia, ela sonhou e pensou na liberdade e em como seria ser-se livre…
            A rapariga gostava tanto das plantas como elas gostavam dela, gostava do sol, da lua, e das estrelas
 porque achava que elas estavam muito tristes e sós lá no infinito do céu.
            Mais tarde, ela apercebeu-se que queria realizar o sonho de ser livre.
            Então, certo dia, ela disse muito alto:
             - No sonho, a liberdade…
            No dia seguinte foi passear no seu sítio preferido, que ela dizia ser encantado!
            E onde era esse sítio?
Vocês não sabem? Na biblioteca!
Na biblioteca? A biblioteca é um sítio encantado?
Sim, claro que sim!
Mas porquê?
Porque, sem a biblioteca onde é que podíamos sonhar, rir, viver aventuras viajando de livro em livro, mas principalmente…
 Mas principalmente o quê?
 Não posso dizer, vocês, é que têm de adivinhar…

                                                                                                          Bruna Oliveira
1º Prémio ex-aequo 2º Ciclo






3º Ciclo

Nota explicativa: Este texto é uma continuação de Minsk, excerto de um conto de Graciliano Ramos inserido na coletânea De Mãos Dadas, Estrada Fora…
Elos de Leitura
            Depois do que aconteceu com Minsk, os pássaros não cantavam, o vento não soprava e as pessoas não falavam.
             Luciana sentia que o mundo já não girava à volta dela, mas sim à volta de Minsk. Ninguém lhe batia à porta do quarto, nem lhe dirigiam a palavra… No fundo, era só a sua imaginação, porque tudo isso acontecia. A mãe chamava por ela para tomar o pequeno-almoço. Todos se fartavam de perguntar “A Luciana está cá?”. Mas ninguém respondia. Luciana não ouvia. Estava no seu mundo.
            Sentia tanta dor que era impossível aguentar. Por isso, no seu mundo, o seu pássaro, Minsk, passou a fazer-lhe companhia. Já não sentia dor. Ao invés, sentiu a brisa provocada pelo seu bater de asas. Ouviu o seu “he he” a vir do fundo de uma caixa, onde estavam os seus brinquedos.
            Pensou para si: “ Será que ele não morreu? Será que está ali dentro?”. Vasculhou a caixa, desarrumando tudo. E encontrou um brinquedo: era um pássaro que tinha a particularidade de cantar quando algo lhe tocasse. Poderia ser a voz de Luciana, as suas saudades, as suas lágrimas tristes ou o cheiro da comida acabadinha de fazer. Foi uma ocasião rara, até porque tinha poucos brinquedos. Foi então que se lembrou dos bons tempos que passou com o pássaro. As lágrimas começaram a cair formando um espelho, onde se viam todos os momentos dela com Minsk.
            Pela primeira vez após a tragédia, Luciana abriu a porta e contou tudo o que vira e sentira à mãe. Admirada esta perguntou-lhe:
            - Como é que te sentes agora?
            - Muito mal. Todos acham que eu fui a culpada. Até eu mesma! -respondeu.
            - Mas não. Nem todos. Ignorava-te mas sentia a tua tristeza dentro de mim! Estavas tão em baixo!- afirmou a mãe.
            E então abraçaram-se com tanta força que nunca mais esqueceram aquele momento.
            Luciana, ainda criança, tinha-se tornado uma mulher.

José Coutinho
1º Prémio ex-aequo 3º Ciclo



A história de uma sereia

            «Longe no tempo e no fundo do mar era uma sereia. Espuma de sonho e de impossível habitava sozinha os abismos azuis. Os seus cabelos que eram negros como a noite enfeitava-os ela com escamas de sol ou de luar caídas nas águas que recolhia nas tardes quentes ou nas noites luarentas e brancas." in Nos Jardins do Mar

            No fundo dos mares vive solitariamente Bela uma sereia, cuja beleza é lendária e voz encantadora, mas atrás desta beleza toda esconde-se um coração negro e escuro. Como é que uma bela sereia pode ter um coração tão negro? Bem, eu vou contar-vos.
            Há muito, muito tempo, na altura em que os reinos da Terra e dos Mares estavam em guerra, devido à ganância do homem e à vontade de dominar as riquezas dos mares. Havia um lugar onde a guerra nunca chegou à secreta Baía do Coral. Uma pequena ilha em forma de "U", de onde nos extremos surgiam enormes pedregulhos pontiagudos que os unia formando uma lagoa, que só podia ser descoberta pelos poderes de uma sereia. Esta lagoa era habitada por três belas sereias, uma das quais era Bela. Elas usavam os seus poderes para atrair os marinheiros feridos na guerra e poder curá-los, encantando as águas.
            Certo dia, apareceu na baía um barco de madeira que transportava um marinheiro alto, de pele branca, cabelo vermelho e olhos pretos como a noite. Este rapaz era filho do rei do reino da Terra, herdeiro do trono, quando se casasse. Bela e o marinheiro apaixonaram-se loucamente. Bela todos os dias mostrava-lhe as belezas dos mares e os seus poderes como sereia.
            Passado um ano, já o rapaz se tinha ido embora temporariamente, quando Bela recebeu uma mensagem entregue por um cavalo-marinho, na qual dizia que o rapaz se ia casar e assim tornar-se-ia rei. O seu primeiro ato seria atacar a Baía do Coral.
            Passado um mês, o novo rei chegou à Baía do Coral, pilhando as suas riquezas e raptando os animaizinhos que lá viviam, tornando-os seus escravos. Houve um momento em que dois comandantes do rei mataram as duas amigas sereias de Bela e esta teve um ataque de raiva que a fez matar todos os marinheiros, exceto o rei. Quando só restava o rei, ela espetou-lhe uma espada que estava caída no chão no peito. Nos seus últimos suspiros o rei disse «Fui obrigado a casar e a atacar a tua casa, senão nunca me tornaria rei e não poderia acabar com esta guerra inútil.»
Bela entrou em choque, o seu coração ficou cheio de mágoa, tornando--se negro. Num grito ensurdecedor surgiu um remoinho gigantesco, sugando Bela até ao fundo dos mares. Sitio onde Bela ficou presa até aos dias de hoje.
            Diz-se que qualquer barco que passe lá perto tem um naufrágio doloroso, tão doloroso como a dor que Bela sentiu ao perder o seu amado.


Diogo Moura 
(1º Prémio ex-aequo 3º Ciclo)