segunda-feira, 19 de março de 2012

«Aqui gostamos de ler Alves Redol»


 A Poesia e o Neo Realismo


Como já vem sendo hábito, no âmbito do projeto de animação comum para o ano letivo 2011-2012, o SABE (Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares) e a Biblioteca Almeida Garrett lançam mais um desdobrável em torno de Alves Redol, desta vez alusivo ao Dia Mundial da Poesia, que se comemora, esta semana, no dia 21.

Nele podemos encontrar alguns poemas de poetas neorrealistas, sugestões de leitura e algumas curiosidades, nomeadamente o processo de proclamação do Dia Mundial da Poesia e a divulgação do concurso “FAÇA LÁ UM POEMA” para todos os estabelecimentos de ensino do 1.º ciclo ao secundário, tratando-se de uma iniciativa conjunta do Plano Nacional de Leitura e do Centro Cultural de Belém.

Além dos interessantes poemas do desdobrável, gostaríamos de encerrar com uma composição do poeta neorrealista, Mário Dionísio, neste mês de março em que se celebra o dia Internacional da Mulher:


«Poema da Mulher Nova»


Vejo-te no mundo que não pára
como um grande lenço rubro desfraldado.
Vejo-te em mim quando me sinto massa
com milhões de braços e de pernas e uma cabeça de anjo.

Vejo-te na vida em marcha,
nas mãos estendidas.
Vejo-te em toda a vibração,
nas plantações cobertas de girassóis e de papoulas,
no topo dos tractores pulverizando a terra.


Vejo-te nua de sedas
com a boca rasgada numa canção do futuro
como um punho ameaçador à pestilência dos homens.
Vejo-te bela
Com cabelos ao vento sem um talvez: perfeita
Vejo-te mãe de milhões de homens novos,
de rosto calmo e olhos firmes,
através das labaredas e do fumo
sem país, sem lar, a caminho da vida
– na descoberta constante.

Mário Dionísio, Sol Nascente, n.º13, 15 de Agosto de 1937, p.13.

(do livro inédito «Pregão»)