segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

«O Meu Livro de Cabeceira»



Escrito por Fernando Pinheiro em 2008 e publicado pela editora Opera Omnia, em Guimarães, «O Voo do Gafanhoto» aborda vários temas, tendo em conta que são vários contos versando assuntos diferentes, tais como uma conversa entre dois indivíduos bêbedos (à porta de uma taberna) e uma casa assombrada numa aldeia.

O autor explora o tema de uma maneira que faz o leitor entrar na história, por exemplo, no conto intitulado «A história muito certa e verdadeira da casa assombrada de Pardió», onde descreve os momentos de uma tal maneira, que tanto no riso como no susto nos faz acompanhar as emoções das personagens.

Nota-se que, em várias narrativas, o autor usa a linguagem típica das aldeias, usando recursos estilistícos (como a comparação) para descrever cheiros e objectos, peripécias e o carácter das pessoas. Dou um exemplo divertido:

“Eram Tamanhas as ventosidades que já ninguém sabia quem se peidava se os mazorros, se os demónios. De repente os ares ficaram impregnados de enxofre, pestilência só conhecida dos fumigadores do grupo e de flatulência humana, essa bem conhecida de todos.” (período retirados da «História muito certa e verdadeira da casa assombrada de Pardió»)

“- Que tem a ver o camelo com a nossa discussão?
- Porque também é presumido como tu. Eu vou contar-te a história do camelo...
- Se é igual à do carrocho, estás dispensado
- Não voltes à vaca fria! E deixa-me contar-te a história do camelo.
- É por causa do vinho que eu bebi?
- Não, pá. Não +e por causa do vinho nem da vinha. Apre! Um dia o camelo viu-se ao espelho e achou que para ser mais bonito e mais importante precisava de ter um par de chavelos na testa...
- Um par de chavelhos?...
- Na testa.
-Ó Zé, tu por acaso não estás a insinuar que eu...
- Não estou a insinuar nada, Manel! Irra!
- Sabes muito bem que em matéria de ornamentações estou a zero...
- Pois olha que eu não estou tão certo disso!”
(Períodos retirados de «Filosofia à porta da taberna»)

«O Voo do Gafanhoto» é uma obra com muitos contos, muitos deles para rir, outros para pensar. Fernando Pinheiro escreve os tais contos de uma maneira muito realista. Recomendo a leitura deste livro, pelos factos acima ditos e por ter a certeza de que quem ler este livro vai gostar, como é o meu caso.

Para além dos títulos, que atraem o leitor à leitura do livro, como “Filosofia à porta da taberna” ou “Domingos Pato, o maior mentiroso de aquém e além-Cávado”, acho o desenlace dos contos óptimo e divertidos.

João Pedro Teixeira (nº 10, 9º C)