segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

«O Meu Livro de Cabeceira»



O título que escolhi, no âmbito do projecto «O Meu Livro de Cabeceira» foi «Chocolate à Chuva», um romance juvenil da autoria de Alice Vieira (escritora que nasceu em 1943, em Lisboa). Foi publicado em 1998, pela Editorial Caminho.

O tema abordado é o divórcio, o que me permite afirmar que este livro ajuda a conhecer melhor a vida na adolescência. Esta obra de Alice Vieira tem como protagonista Mariana, personagem que também é responsável pela narração da história. A maturidade e o confronto, a partir das experiências das amigas, com realidades como o divórcio, a protecção materna ou as dificuldades económicas e o dia-a-dia predominam nesta narrativa. Trata-se de uma obra contada espontaneamente, em que prevalecem o diálogo, a ironia, o humor e muitos sinais de um conhecimento profundo da realidade.

Vejamos alguns exemplos que mostram tudo o que foi dito anteriormente:

“- Agora – digo eu – também não há-de ser assim tão difícil, Santo Ambrósio! Este parque está cheio de barracas…
- Barraca é o que a gente está aqui a dar! Gritou a Isabel, saindo de ao pé de nós…”

“- Está, claro que está armada. Mas como não tínhamos nada que fazer, decidimos desmanchar tudo outra vez para nos entretermos.”

Porquê ler este livro? Em «Chocolate à Chuva», Mariana é confrontada com um problema difícil: o divórcio dos pais da Rita, sua amiga desde sempre. É o fim da família da Rita, é o abalar da sua relação com os pais. Mariana vai entrar no enredo e vai sentir-se incapaz para ajudar a Rita. Esta obra é uma boa maneira de acompanhar o crescimento de uma adolescente atenta não só ao que se passa em redor dela mas também à sua própria evolução.

A linguagem desta obra é uma das suas virtudes. É bastante acessível, até porque Alice Vieira se expressa em termos muito próximos dos usados pelos adolescentes. O registo de língua varia entre o corrente e a gíria, talvez fruto da experiência profissional desta autora, que foi jornalista.

Esta linguagem é muito simples como se pode ver nos seguintes exemplos:

“- Está aqui o senhor Ernesto que nos vai dar uma ajudinha” ou ainda “É claro que se essa gente não andasse ai por cima a mexer na lua, nas estrelas e sei lá em que mais, isto não andava assim como anda!”

A qualidade da obra de Alice Vieira não merece quaisquer dúvidas, o que se comprova tanto pelo número de leitores que tem (a começar por mim), como pelos prémios que já recebeu, entre eles o Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura Infantil e em 1994, pelo conjunto da sua obra. Recentemente foi indicada pela Secção Portuguesa do IBBY (International Board on Books for Young People) como candidata portuguesa ao Prémio Hans Christian Andersen, que é o mais importante prémio internacional no campo da literatura para crianças e jovens.

Sílvia Maria Ribeiro Teixeira (nº18, 9º C)