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Hoje propomos um excerto do livro «Viagens na Minha Terra adaptado para os mais novos», escrito por Rui Zink e ilustrado por Gabriela Sotto Mayor, um projecto baseado no romance «Viagens na Minha Terra», que Almeida Garrett publicou em 1846
Capítulo 3
Passaram vários anos. Um dia, frei Dinis trouxe uma carta.
— Carlos… Carlos está vivo.
Passaram vários anos. Um dia, frei Dinis trouxe uma carta.
— Carlos… Carlos está vivo.
A avó pensou que a carta era para ela. Mas era para Joaninha.
— Abre, Joana, lê, minha filha.
— É só para mim a carta.
— Para ti só, como?
A carta era só para Joaninha. Mas, por amizada à avó, ela acrescentou no fim uma passagem:
—… E para a avó, muitas saudades.
A carta falava do que se passara na guerra. Carlos tinha ficado ferido. E fora levado para uma casa onde havia três irmãs inglesas que, uma a uma, dele trataram. Três irmãs por quem, o tonto, uma a uma se apaixonara. Mas isso não contava ele na carta!
A carta era, com efeito, para ela, e bem singela. Não continha senão as ingénuas expressões de um amor fraterno nunca esquecido, longas saudades do passado, poucas esperanças no futuro, quase nenhumas de os tornarem a ver tão depressa.
Tudo isto, porém, dizia ele à prima; para a desconsolada avó nem uma palavra.
Tornou a passar outra semana e o frade levou uma carta de Joaninha para Carlos. E assim foram passando os meses, com cartas cada vez mais bonitas, queridas.
Aos poucos, Joaninha foi ganhando por Carlos um amor que já não era só ternura. O que ela não sabia era que, das três irmãs inglesas, Carlos ainda amava uma: Georgina, a mais nova.
Ou já não?
___in Viagens na Minha Terra - Adaptado para os mais novos (Quasi Edições)