Numa noite de tempestade e muita ventania, a floresta estava toda inundada e quase todos os animais tinham morrido. Sobreviveram a Salta-Pocinhas, os seus filhos, poucos pássaros e alguns répteis.
Ela esperou três dias e três noites, até que se fartou, porque não tinha carne, nem um mísero grilo para comer. E decidiu ir-se embora.
Arranjou as suas malas e as dos filhos e começou a ir andando. Até que avistou um rio, chamado Rio Douro, e viu também um grande barco de cruzeiro, branco.
No barco de cruzeiro, a raposa matreira, lambisqueira e fagueira esgueirou--se para a despensa, onde havia comida que chegasse para um ano.
Dentro da despensa havia carne em abundância, frango de caril e lagosta da melhor.
- Meu Deus! Tenho aqui tudo o que sempre sonhei! – Disse a Salta-Pocinhas, espantada com tanta abundância de alimento.
Depois disse aos filhos:
- Boa noite, meus lindos. Amanhã vamos arranjar algum quarto, talvez o de uma velha vesga e surda.
Nasceu o dia e a raposa pôs o seu plano em prática.
- Meninos, abram bem os olhos, tenham ouvidos de elefante e farejar de lince.
A raposa matreira, com ar de senhora de grande sabedoria, foi atrás da velha surda e vesga, mais vesga que uma toupeira. Entraram num quarto, mais rápidos que uma chita. E ficaram no barco de cruzeiro mais um dia, até que…
Chegaram à Ribeira do Porto.
- Tantos bicho-homem! Como hei-de sair desta?
De repente viu um pássaro e perguntou-lhe:
- Sabes onde posso encontrar comida e abrigo?
- Sei. Segue-me que eu levo-te ao Parque da Cidade.
Chegaram à Foz, onde se despediram. O pássaro voou para longe e ela pediu ajuda a um cão que por ali passava.
- Sabes onde fica o Parque da Cidade?
- Sei. Segue em frente, contorna a rotunda e vira à direita. Quando vires um bicho-homem a vender gelados, é aí.
Quando lá chegou não conhecia nada, mas avistou um lago que, no meio, tinha um pedaço de terra, o lugar ideal para viver o fim dos seus dias, o sítio perfeito. Era fofo, com alimento em abundância com várias árvores para não ser descoberta pelos homens e onde havia animais que podia enganar. Dirigiu-se então a um cisne e perguntou-lhe:
- Sabes dizer-me quem manda neste lugar? Há por aqui algum vizo-rei?
- Claro que sim. Aqui manda o ganso!
- Podes levar-me até ele? - Pediu.
Enquanto caminhava com o cisne pôs-se a pensar que era tempo de se livrar dos filhos, que já estavam gordinhos e tinham idade para se virar sozinhos. Também a sua mãe, em tempos, lhe tinha feito o mesmo.
Reparou que naquele lugar havia muitos bicho-homem, mas pareciam-lhe diferentes dos da terra onde tinha morado.
- O seu divertimento não é caçar os animais, mas sim protegê-los! – Dizia-lhe o cisne.
E ela ia pensando:
“Será que também a iam proteger como faziam aos outros animais? Será que também ia ter comida em abundância sem ter que se preocupar? …”
Será que a Salta - Pocinhas e os seus filhos iam viver o resto das suas vidas sem preocupações?
Trabalho realizado pelos alunos do 5º C orientados pela professora Elisabete Camilo
Será que a Salta - Pocinhas e os seus filhos iam viver o resto das suas vidas sem preocupações?
Trabalho realizado pelos alunos do 5º C orientados pela professora Elisabete Camilo