
Wassily Kandinsky, Primeira Aguarela Abstracta, 1910
Duarte, o Sonhador Histórico
Numa manhã de chuva, Duarte estava na sua aula mais aborrecida, a aula de História. Por acaso concordo com ele! É um grande martírio entrar na sala de aula e saber que se vai ter uma aula tão monótona!
Duarte, o Sonhador Histórico
Numa manhã de chuva, Duarte estava na sua aula mais aborrecida, a aula de História. Por acaso concordo com ele! É um grande martírio entrar na sala de aula e saber que se vai ter uma aula tão monótona!
A certa altura, Duarte estava muito pensativo a olhar para a janela, onde batiam as gotas da chuva, e reparou que começava a aparecer uma sombra que a pouco e pouco foi tomando uma forma humana. Ele nem queria acreditar, ficou boquiaberto, sem palavras.
De um momento para o outro, deixou de ouvir a voz dos seus colegas e a da professora Lurdes, uma professora um pouco gorda e que usava roupas tanto antiquadas. Somente conseguia ouvir aquela voz misteriosa que vinha do lado de fora da janela.
— Duarte, Duarte, vem comigo… - disse a voz misteriosa.
Duarte, ainda muito assustado e espantado com tudo o que se estava a passar, respondeu:
— Não me parece…
— Porquê? Eu não te faço mal! – Replicou a figura estranhosa.
— Nem pensar! E se eu saio pela janela e me parto todo lá em baixo! – retorquiu ele – E já agora, como te chamas?
— Eu chamo-me Vasco da Gama, não me reconheces? – perguntou a Sombra.
— Não, porque a aula de História é uma seca! Portanto, quando a professora falou de ti, eu devia estar a dormir – afirmou o rapazinho.
— Ai, ai! Devias-te preocupar mais com o teu futuro e, além disso, a disciplina de História é uma questão de Cultura Geral e não é assim tão difícil! – declarou o homem descobridor.
— ‘Tá bem, ‘tá! Mas, porque é que vieste aqui? – inquiriu curioso, o miúdo.
— Eu vim aqui com o objectivo de te levar comigo numa viagem. Gostavas de sair daqui por umas horas? – replicou Vasco da Gama.
— Por acaso, até que era fixe! Ao menos, não fico aqui a morrer de sono. Preciso de um pouco de aventura – concordou Duarte.
Entretanto, levantou-se em direcção à janela e embarcou na “caravela” do navegador e foram os dois a caminho do país pretendido.
— Onde estamos? Eu não conheço este lugar!
— Estamos na Índia! – declarou o outro.
— Não estamos longe de casa? – perguntou Duarte um pouco nervoso.
— Sim, mas não tenhas medo e não fiques nervoso!
— Mas é um sítio tão longe da minha escola. Acho que é melhor voltarmos! – insistiu assustado.
— Não! Tu vais continuar viagem para aprenderes alguma coisa sobre os Descobrimentos. – declarou Vasco da Gama.
— Nãooo… Que seca! Os Descobrimentos são uma seca! A aula de História é uma seca!… – gritou.
***
— Menino Duarte, acorde!… Acorde, que não são horas de dormir! – gritou a professora enquanto ele ainda recuperava do seu pesadelo. Porque o rapazinho queria fugir da aula de História e sonhou com História.
— Que se passa Vasco da Gama? – perguntou ele, sem saber que quem o estava a chamar era a professora.
— Boa… Já que está tão entusiasmado com a matéria dos Descobrimentos, vai ter um trabalhinho extra! – Pediu a docente ao aluno sonhador.
— Desculpe, senhora professora! – suplicou desesperado.
— As desculpas não se pedem, evitam-se! Por isso, vai ter mesmo de fazer esta tarefa extra.
— O que tenho de fazer? – quis informar-se ele.
— Vai ter de escrever cem vezes “Não se chama Vasco da Gama à senhora professora”! Percebeu?
— Percebi… Percebi… - replicou quando estava a acordar verdadeiramente do seu pesadelo!
Andreia Moreira, 9º A
[Texto produzido, no espaço do Ateliê de Escrita Criativa da nossa Escola]