segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Poema da Semana



Litorais — I

Nenhum destino para estes aves,
para os últimos gritos do verão.
Infinitos augúrios. Algures
outro vento, talvez outras vagas

maneiras de fugir-me, revelando
a manhã. Neste canto
do mundo os versos não acolhem já
qualquer verdade. A inocência

protege as suas vítimas, repete
as palavras de sempre, mas quem sabe
dizer o horizonte quando o mar
dentro de nós são ondas que não vemos?

Fernando Pinto do Amaral, Às Cegas (Relógio d’ Água)