
Litorais — I
Nenhum destino para estes aves,
para os últimos gritos do verão.
Infinitos augúrios. Algures
outro vento, talvez outras vagas
maneiras de fugir-me, revelando
a manhã. Neste canto
do mundo os versos não acolhem já
qualquer verdade. A inocência
protege as suas vítimas, repete
as palavras de sempre, mas quem sabe
dizer o horizonte quando o mar
dentro de nós são ondas que não vemos?
Fernando Pinto do Amaral, Às Cegas (Relógio d’ Água)
Nenhum destino para estes aves,
para os últimos gritos do verão.
Infinitos augúrios. Algures
outro vento, talvez outras vagas
maneiras de fugir-me, revelando
a manhã. Neste canto
do mundo os versos não acolhem já
qualquer verdade. A inocência
protege as suas vítimas, repete
as palavras de sempre, mas quem sabe
dizer o horizonte quando o mar
dentro de nós são ondas que não vemos?
Fernando Pinto do Amaral, Às Cegas (Relógio d’ Água)