Quando pensamos no mês de abril, pensamos inevitavelmente no Dia das Mentiras, tradicionalmente, muito festejado.
Hoje em dia, o dia 1 de abril passa quase despercebido para muitas pessoas, mas, antigamente, não havia família ou grupo de amigos onde não se pregasse uma boa partida. Foi, assim, dentro deste espírito de preservação de uma tradição, bem popular noutros tempos, que surgiu o tema do Texto do Mês de abril: “Será mentira? Será verdade?”
Aqui publicamos um texto bem demonstrativo desta dicotomia, onde está bem patente o sentimento ambíguo e inquietante da incerteza e que a Bianca, aluna do 8ºA, soube exprimir de um modo tão subtil e poético.
Abril - “Será mentira? Será verdade?”
--☺ É por tu me
dares toda a certeza que eu fico indecisa, a tua segurança consome a minha. Se
eu tento esquecer-te parece que fazes questão de me fazer lembrar, somos tão
diferentes e por isso mesmo tão iguais. Compartilhamos amor e ódio, as tuas
palavras criam o meu silêncio, a tua voz sobressai a minha.
Eu queria tudo agora sem poder esperar pelo
depois, gostava tanto de mim, e no momento não mais. Não sei se é verdade ou
mentira, se realmente existes ou é tudo uma ilusão criada pela minha alma
interior, mas se existires apenas liberta-me, liberta-me de ti, liberta-me da
dependência que tenho na tua existência. Foste criado por mim, agora percebo o
porquê de sempre te querer e ao mesmo tempo te odiar.
Apenas neste momento percebi que tudo o que
aconteceu foi uma mentira, uma mentira que para mim era a pura verdade, uma
mentira inventada em que eu mantive fé por anos, uma mentira que até os
“amigos” alimentaram, porém, sei da real verdade a verdade que impedi a mim
mesma de acreditar, sei que não és real apesar da voz que ouço todos os dias,
da voz que me ajudava nos momentos difíceis, a mesma voz que consumia a minha
alma enquanto eu chorava.
Saio, neste instante, desta gaiola que me
impede de voar livremente por campos verdes, sou finalmente livre e forte com a
capacidade de me livrar de mentiras que me rodeiam não só pelas outras pessoas,
mas até por mim mesma.
Bianca, nº1, 8ºA
