quinta-feira, 22 de março de 2012

«Aqui gostamos de ler Alves Redol»




















O conto «A Corneta de Barro» da coletânea Nasci com Passaporte de Turista de Alves Redol fala-nos de um tema neorrealista, que é a pobreza do povo na região do Ribatejo, (“Bandas do Cartaxo e de Azambuja”).

Temos dois tipos de linguagem, que se combinam na perfeição: a linguagem popular e linguagem culta. A primeira é utilizada pelas personagens (“eh Zé Boiça!... Atira lá, homem. E vê se me pões lume nesse olho”). A linguagem culta é utilizada pelo narrador, porque ele é culto (“E ficava a ruminar naquele esperança”). O escritor utiliza a linguagem do povo, visto que os autores sentiam necessidade de chamar a atenção do leitor para as dificuldades do povo e imprimir mais realismo ao que era narrado.

O conto apresenta um grupo de amigos, alguns sem trabalho. Fala também da quase escravatura na lezíria e do filho de Zé Boiça que não vai à escola, porque os pais são pobres, mas tinha um desejo: ter uma corneta de barro (“Mas hei de comprá-la”).





















A parte que mais gostei, na história, foi no início, em que as personagens se lamentavam da sua precária situação e, de repente, aparece o filho de Zé Boiça cheio de esperança de ter uma corneta, acabando por conseguir concretizar o seu sonho.

A parte que menos apreciei foi o final, em que o filho de Zé Boiça acaba por partir, acidentalmente, a corneta (“O bocal separado do resto”).

Eu aconselho a leitura deste conto, pois fala de uma época histórica portuguesa, o período da ditadura fascista de Salazar, e proporciona-nos, com uma exatidão cinematográfica, uma perceção da realidade social de então.

De facto, Alves Redol, assim como outros autores do seu tempo, utiliza a literatura para denunciar os males da sociedade sua contemporânea (“vida toda de canseira e agora sem pão para comer”).

Pedro Miguel da Silva Maia, Nº18, 9ºA