terça-feira, 21 de junho de 2016

   No âmbito do Projeto de Animação Comum da Leitura da Biblioteca Almeida Garrett, muitos alunos da Escola Básica 2/3 do Viso escreveram, leram expressivamente e declamaram... Os textos que se seguem são as palavras desses alunos levados pela inspiração das palavras de Luísa Dacosta. Foram escritos, uns no Clube Dez Dedos de Escrita, outros na Comunidade de Leitores, atividades dinamizadas pela Biblioteca Escolar, sendo que a atividade Comunidade de Leitores foi feita em articulação com a disciplina de Português.

1. Palavras


Tocam-me
como lábios,
como beijos.
Pássaros, sedentos de ramos
e de sombra,
pousam-nos nos ombros.
A movimentos de asa,
desenham-me ainda um corpo
- Secreta arquitectura de água,
Rasgada no vento.


                               Luísa Dacosta


Palavras

Escondidas, prontas para atacar,
São palavras que doem,
Que ferem, atormentando a vida
Daqueles que as ouvem.

Escuras, sentem-se,
Magoam, mas,
Por um raio de luz, desvanecem.
Mas não para sempre...

                               José Coutinho, 7º B (Clube Dez Dedos de Escrita)


Palavras

Vêm com o vento.
Eu abro a janela e
Uma brisa sopra.
Ao de leve sinto, ouço
As palavras que saem do teu corpo,
Dos teus lábios.
Penso, repenso e,
Do nada sinto-me
Rodeado.
Levanto voo e
Embalado pelas palavras
Me cresce uma paixão.

                               Gonçalo Rocha, 9º B (Clube Dez Dedos de Escrita)



Palavras

Eu deito-me,
E sonho.
Sonho que desenho.
Que desenho Palavras.

Umas tristes,
Outras felizes.
Umas malvadas,
Outras queridas e engraçadas.

Eu sonho,
Mas sonho feliz.
Pois desenhar palavras,
E fazer os outros felizes,
Faz-me a mim
Sorrir.

                               Rafael Santos, 7º B (Clube Dez Dedos de Escrita)

As Palavras

Têm a cor verde como a esperança, a folha e a árvore,
O planalto esverdeado, a maçã e os arbustos.
Verdes como as tartarugas, o musgo e as algas.
Verdes como a floresta, a maresia e o mundo.

Refrescam como a sombra e o mar.
Completam histórias com derrotas e vitórias.
Aquecem como os amigos e o calor.
São criativas como um grande pôr-do-sol.
Voam quando o vento lhes toca.
Fazem com que sonhemos acordados.
Esvoaçam como o pensamento das pessoas.
Prolongam a alegria e acabam com o mal.
São alegres como as flores e toda a natureza.
São nossas amigas e têm um sentido radiante.
Gostam de todos.
A mim aquecem-me.

Com elas escrevo natureza, paraíso, bonança e beleza.
Com elas escrevo a paz, a união, a harmonia e a liberdade.
Com elas escrevo família, alegria, flores e cores.
Com elas escrevo amizade, asa de pássaro e poesia.
Com elas escrevo tudo.

                               Poema coletivo do 5º A (Comunidade de Leitores)



Não é o restolhar do vento.
É a tua lembrança
Que se ergue em mim.

Não é a rosa a esfolhar-se.
É a minha boca – sede e romã –
Que sangra na tarde.
Não é a noite que desce.
É a sombra dos teus olhos
A fechar o horizonte.

                               Luísa Dacosta

Poema de amor

Os teus lábios escarlates me ofuscam
O teu amor me corre nas veias
Amor vivo, amor doce
Amor sem fim e sem princípio.

A tua saudade me preenche
E na noite eu me encontro
Embalado pela luz do teu olhar.

Os teus olhos reluzentes
Fazem-me esquecer das gentes que vejo passar.

As tuas mãos, os teus gestos me fazem pensar
Quem sou?
Porque o sou?
Vou apenas deixar passar…

                               Gonçalo Rocha, 9º B (Clube Dez Dedos de Escrita)


Quero todo o teu espaço
e todo o teu tempo.
Quero todas as tuas horas
e todos os teus beijos.
Quero toda a tua noite
e todo o teu silêncio.

                               João Silva, 9º B (Clube Dez Dedos de Escrita)





  
Do teu peito aberto eu voo.
Navego no teu corpo.
Toco-te de leve
como se de uma brisa se tratasse.
E tu, meu amor,
permaneces em silêncio.
Permaneces quieta, muda.
Firme e hirta, soltas uma palavra.

                               Gonçalo Rocha, 9º B (Clube Dez Dedos de Escrita)


“A beleza é igualada pelo sofrimento, e é ele que a torna tão necessária, frágil e preciosa.”
                                                                                                                                                             Luísa Dacosta

Como:
A beleza das nuvens escuras que parecem novelos de lã.
A beleza do calor que queima mas também aquece e conforta.
A beleza do mar agitado com a força das ondas de encontro às rochas.
A beleza da chuva no momento de adormecer.
A beleza do outono com as folhas a cair.
A beleza do pôr-do-sol que ilumina o fim do dia.
A beleza das flores que murcham e ficam suaves.
A beleza do inverno na neve que cai e no fundo que embranquece.
A beleza das árvores despidas, como rendas, no inverno.
A beleza dos relâmpagos que tudo iluminam.
A beleza da noite que nos abraça.
A beleza da tristeza que quando nos atinge, faz-nos sentir vivos.

Texto coletivo do 5º A (Comunidade de Leitores)

Fatalidade

Não sei tecer
senão espumas,
nuvens
e brumas.
Coisas breves,
leves,
que o vento desfaz.

Como prender-te
em teia tão frágil?

                               Luísa Dacosta






Tão frágil que se quebra
Com uma simples lágrima,
Ou uma discussão.
A minha teia é irreversível.

Nunca me digas não,
Com os teus braços enrolados em mim,
Como um pássaro aterrando em casa.

                               José Coutinho, 7º B (Clube Dez Dedos de Escrita)

Não sei tecer
senão o sonho,
as flores,
e os animais.
Coisas simples,
duradouras,
que a felicidade nos traz.
Como crescer sem sonhar?

Não sei rimar
senão falar de livro,
coração
e amigo.
Coisas intermináveis,
que nem o sofrimento apaga.
Como viver sem um amigo?

Não sei gritar
senão paz,
harmonia
e alegria.
Sentimentos que deviam governar o mundo,
mas que a vida desfaz.
Como é não conseguir sonhar?

Não sei viver
senão a dançar coisas vivas
e a sonhar com liberdade.
Não sei o que é a vida
senão coisas da imaginação,
que se tornam reais
quando descobrimos o seu sentido.
Como viver a vida se estamos frágeis?

Não sei pensar
senão se a vida tem sentido,
se o mar é infinito
e se as coisas insignificantes podem destruir o mundo.
Coisas invisíveis,
profundas,
que o sonho não pode travar.
Como fazer um mundo melhor?


                               Texto coletivo do 5º A (Comunidade de Leitores)